A ligação de Nossa Senhora Aparecida com a devoção portuguesa a Imaculada Conceição
No dia 12 de outubro, celebramos a solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil. Esta devoção a Nossa Senhora da Conceição tem sua origem entre o povo português e está ligada a grandes e decisivos acontecimentos para a Independência de Portugal e a formação de sua identidade nacional.
Nos primórdios da história de Portugal, foi celebrada uma Missa pontifícia em honra e ação de graças a Imaculada Conceição, após Lisboa ter sido retomada dos muçulmanos, em 1147, pelo primeiro Rei de Portugal, Dom Afonso Henriques.
Depois da vitória portuguesa na Batalha de Aljubarrota (1385) contra os castelhanos, Dom Nuno Álvares Pereira (São Nuno de Santa Maria, canonizado pelo Papa Bento XVI em 26 de abril de 2009) mandou construir a Igreja de Nossa Senhora do Castelo, em Vila Viçosa, e tomou as providências para que aquele templo católico fosse consagrado a Nossa Senhora da Conceição . Além disso, São Nuno Álvares recomendou, na Inglaterra, uma imagem de Nossa Senhora da Conceição para ser venerada nessa igreja.
Crédito: Sidney de Almeida
A proclamação de Nossa Senhora da Conceição como Rainha e Padroeira de Portugal
Depois da restauração da Independência de Portugal (1640), Dom João IV, então Rei de Portugal, da Casa de Bragança e descendente de Dom Nuno Álvares Pereira, proclamou solenemente Nossa Senhora da Conceição como Rainha e Padroeira de Portugal e de todos os seus territórios ultramarinos, por provisão régia de 25 de Março de 1646. Nesta provisão, que posteriormente foi confirmada pelo Papa Clemente X na bula Eximia Dilectissimi, de 8 de maio de 1671, declarou que: “Estando ora juntos em Cortes com os três Estados do Reino (…) e nelas com parecer de todos, assentamos de tomar por padroeira de Nossos Reinos e Senhorios a Santíssima Virgem Nossa Senhora da Conceição”1.
Neste documento, o Rei prometeu confessar e defender sempre, até dar a vida se necessário, que a Virgem Maria, Mãe de Deus, foi concebida sem pecado original. Após esta proclamação, Dom João IV corou a imagem de Nossa Senhora da Conceição em Vila Viçosa. A partir deste ato simbólico, em sinal de reconhecimento de que Nossa Senhora é a verdadeira Rainha e Padroeira de Portugal, os reis nunca mais colocaram a coroa real na cabeça, e a coroa ficou apenas colocada sobre uma almofada, ao lado direito do rei.
A Imaculada Conceição
A partir de 1646, por insistência de Dom João IV e dos franciscanos, o corpo docente da Universidade de Coimbra passou a jurar defensor público e especificamente que a Virgem Maria foi concebida sem a mancha do pecado original, ou seja, a sua Imaculada Conceição. No entanto, com a proclamação do dogma da Imaculada Conceição de Maria, em 8 de dezembro de 1854 pelo papa Pio IX, através da Bula Ineffabillis Deus, julgou-se necessariamente continuar a prestar este juramento.
Em 1654, Dom João IV investiu a todo o Império Português uma cópia da inscrição comemorativa do juramento solene prestada em 25 de março de 1646, e planejou que a inscrição fosse gravada em pedra e colocada em locais públicos das cidades e vilas portuguesas. Em 1717, o Rei Dom João investiu uma carta circular à Universidade de Coimbra e a todos os prelados do Reino de Portugal, na qual recomendou que fosse celebrada, anualmente, a festa da Imaculada Conceição nas suas joias, registrando o juramento de Dom João IV, seu antecessor.
Depois da proclamação do dogma da Imaculada Conceição, desenvolveu-se em Portugal um movimento que apoiou a construção de um monumento nacional em comemoração da proclamação, feita em 1854 por Pio IX. Em 1869, foi erigido o primeiro monumento no Sameiro, em Braga. No mesmo local, foi construído, posteriormente, um santuário dedicado a Imaculada Conceição de Maria, cuja imagem foi solenemente coroada em 1904.
O vínculo espiritual do Brasil com Portugal
No dia 25 de março de 1946, comemorou-se o tricentenário da proclamação da Imaculada Conceição como Padroeira de Portugal, com a solene consagração de Portugal a Virgem Maria, Mãe de Deus.
A devoção portuguesa a Nossa Senhora da Conceição foi reservada e chegou ao Brasil, que, na época, fazia parte do Reino de Portugal. Em 1717, o encontro da imagem da Imaculada Conceição, no rio Paraíba do Sul, fez com que a devoção a Nossa Senhora da Conceição, carinhosamente chamada de “Aparecida”, a partir da fé dos pescadores João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia e seus famílias, aos poucos passasse a fazer parte também de nossa devoção e espiritualidade.
Tendo em vista o vínculo espiritual do Brasil com Portugal, podemos dizer que o Brasil nasceu sob o manto sagrado de Nossa Senhora da Conceição. Diante dessa verdade, por que não confiamos nela? Recorremos a nossa Mãe Imaculada nestes tempos difíceis em que Satanás parece querer imperar sobre o Brasil através dos maus costumes, da falta de devoção, da perda da fé, do relativismo e do indiferentismo religioso, dos pecados, da mentira, das drogas, do sexo desregrado, das leis injustas, das decisões judiciais injustas, da corrupção, da violência. Quanta miséria o nosso país tem passado por nossa culpa, por nossa falta de conversão, por falta de uma verdadeira devoção a Jesus Cristo e a Virgem Maria!
O Brasil nasceu do manto Sagrado de Nossa Senhora da Conceição
Voltemos às origens da nossa verdadeira identidade. Deus sonhou com o Brasil quando pediu a Dom Afonso Henriques que constituísse um Reino para levar o seu Nome – o nome de Jesus – aos povos estrangeiros, a nós brasileiros. Deus surgiu no Brasil antes mesmo do seu descobrimento, quando produziu a devoção dos portugueses a Nossa Senhora da Conceição. Os reis de Portugal, os professores de Coimbra, os portugueses em geral juraram derramar o seu sangue para defender o dogma da Imaculada Conceição, que ainda não havia sido proclamado.
Em 1822, às vésperas da Independência do Brasil, o príncipe herdeiro do trono, Dom Pedro I, prometeu consagrar o nosso país a Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
O Brasil nasceu historicamente de Portugal e, quando se tornou independente, nasceu igualmente sob o manto sagrado de Nossa Senhora da Conceição. Depois da Proclamação da República, Dona Isabel ou Princesa Isabel, que seria nossa futura imperatriz, apresentou uma coroa preciosa a Nossa Senhora Aparecida, que foi colocada em sua cabeça. Através desse ato simbólico, Nossa Senhora da Conceição Aparecida passou a ser verdadeiramente a Rainha do Brasil.
Consagre-se a Nossa Senhora!
Nós temos uma vocação sublime, de levar o Nome de Jesus sob o manto protetor de Maria, que precisamos viver e honrar. Nós, brasileiros, devemos viver e propagar a consagração a Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Ela deve ser verdadeiramente a nossa rainha e, para que isso aconteça, precisamos nos consagrar individualmente a ela. Se nos consagrarmos a Imaculada Virgem Maria, estaremos também nos consagrando a Jesus Cristo, realizando em nós o sonho de Dom Afonso.
Assim, para realizar esta entrega, recomendamos vivamente a consagração total a Jesus Cristo, pelas mãos da Virgem Maria, segundo livro Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem, de São Luís Maria Grignion de Montfort. Quem faz essa consagração se compromete a ser fiel às promessas do batismo, ou seja, renunciar ao mal, ao pecado e a Satanás, e viver a vida nova em Cristo.
A consagração nos ajuda a viver essa vida nova e uma verdadeira devoção a Nossa Senhora, que não se limita a venerar e honrar um nome de Maria, mas também a sua pessoa, que hoje registramos carinhosa e amorosamente sob o título de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil e de Portugal!
Nossa Senhora da Conceição Aparecida, rogai por nós!