Ele vem “Yeshua”

Que seja eterno



O rapaz falava-me com sinceridade. Acreditava que a mulher descrita por ele existia em algum canto da terra e que, um dia, ele a encontraria, para juntos viverem felizes para sempre. Ela seria bonita, rica, inteligente, carinhosa, emancipada, atenciosa e estaria pronta para satisfazer os seus desejos. Não seria ciumenta, porque o ciúme “desgasta a relação”, dizia ele.
Ele me fez pensar nessas coisas que parecem contos de fadas, desejos que se posicionam na diagonal da existência humana e que por isso não entram no curso natural dos acontecimentos. Não é horizonte, nem vértice. Sonhos que não se concretizam, porque na verdade não são sonhos, são meras ilusões.
Acredito que a origem das frustrações humanas está justamente na inadequação entre a ilusão e o real. Está no ato de desejar o que não existe, o que não se configura nem mesmo como possibilidade que possa ser construída aos poucos.
Incomoda-me essa desilusão amorosa que tem marcado os nossos dias. Não raras vezes, deparo-me com corações que se desprenderam de suas antigas seguranças, de lugares que representavam o amparo de uma vida toda e do sonho de serem felizes para sempre. À medida que a vida começou a ser real, descobriram que não amavam a realidade, e sim a ilusão. O amor deixou de ser eterno, porque a brutalidade da realidade desmoronou a ilusão. Passou-se a perceber o antes oculto, o pouco mostrado, o omitido. Com isso, foram por terra as máscaras e os papéis. Sobraram os atores sem o auxílio das maquiagens e refletores, e, nesse momento, eles se olharam e reconheceram: “Somos só isso, nada mais!”. Eu ser só isso não lhe basta, eu sei. Perdoe-me por não corresponder à ilusão que tinha a meu respeito. Não era amor o que sentíamos, porque é impossível amar aquilo que não se conhece.


O mito do amor
Ao final de tudo, o perdão e a despedida. Procurarão outros lugares para acomodarem suas bagagens, outros portos para que possam ancorar suas expectativas, palcos onde representarão o duro papel de amar o que não existe, cultivar o que não é real.
Encontros e despedidas. Um eterno e temporário chegar e partir, um constante sentir-se apaixonado que sempre se esvai com o final da tarde.
Há que se refazer os conceitos que temos acerca do amor e das paixões temporárias. Não é possível continuar sob a prisão que o mito do amor, medieval e amórfico, não faz amadurecer o coração humano, ao contrário, ele o aprisiona na imaturidade relacional que exige que o outro seja a satisfação dos seus anseios e desejos mais profundos. Esse modelo de amor, tão proclamado pelas produções hollywoodianas, que na verdade é a atualização dos contos de fadas para os dias de hoje, não compreende o amor como instância aberta para as precariedades da existência humana, e, por isso, o condiciona a uma realidade utópica e sem aplicação prática, concreta. Distancia o amor de tudo o que é precário, quando fora do precário, do falível e do imperfeito o ser humano deixa de ser real e torna-se ilusório.
Uma pessoa só pode se sentir verdadeiramente amada depois de ter sido conhecida e acolhida, a partir daquilo que tem de melhor e também daquilo que tem de pior. Só assim o coração descansa, porque já não precisa representar mais nada. Ele apenas é o que pode. Nada mais. Todo e qualquer aperfeiçoamento brotará desse acolhimento que o coração amante lhe proporcionou.
É por isso que
 o amor de Deus é redentor. Nele não existem expectativas, mas prevalece a serena espera, própria de quem sabe amar.


PE FABIO DE MELO

A felicidade da trabalho


Felicidade


  O poeta dizia: “Tristeza não tem fim, felicidade sim!” Tinha ele razão? Não sei. O que sei é que neste imenso mercado em que se tornou a vida, encontramos ilusões temporárias sendo vendidas como se fossem felicidades duradouras.


  O empenho…


  Ser feliz dá trabalho. Há quem diga que não. Acredita nas fórmulas mágicas que esta literatura contemporânea nos oferece, prometendo-nos uma série de felicidades, que segundo aqueles que a produzem, podem ser conquistadas com a aplicação das receitas por eles oferecidas. Há quem prevê o futuro. Garante ler nas mãos as rotas do amanhã, os amores que virão, os sofrimentos que chegarão e os fatos que mudarão a história. Há quem creia nos búzios, nos tarôs, nas simpatias que atraem sorte e até mesmo nas promessas que insistem em mercantilizar o que por natureza é gratuito em Deus. Eu continuo sem crer em tudo isso. Ainda prefiro ver a vida, o novo ano, as novas possibilidades como um novelo misterioso que trago preso a mim, pela ponta. Viver consiste em deixar o novelo se desprender das mãos. No gesto de deixá-lo cair, permanecem duas perspectivas: o cuidado de segurar a ponta para que não se perca de nossas mãos e a liberdade para que se desenrole de acordo com o movimento. Nisto está a beleza: a previsão responsável e o espaço para a surpresa. Felicidade também é uma forma de planejamento. Arquitetamos os sonhos, somamos os recursos, projetamos as iniciativas, marcamos datas, sacrificamos alguns exageros, reduzimos os supérfluos, construímos esperanças. Mas é também surpresa. Um bilhete na geladeira, um encontro inesperado, uma declaração de amor, um telefonema de quem andava sumido, uma graça do menino malabarista no semáforo da esquina, um bolo de fubá escondido no forno e um recadinho da mãe colado na porta: “fiz pra você!” Tudo vai nos despertando sorrisos, vontade de viver, de cantar aquela música brega, de dar vexame em público, de dizer que ama, que ama, que ama.


  Ilusões temporárias…


  Inicio de ano é assim. Quando nos damos por nós, tudo já está programado. O calendário já está riscado até dezembro, a agenda já está programada e não há espaço nem para a possibilidade de uma gripe inesperada. Tudo deverá ser cumprido com rigor espartano! Planejar é bom. Ruim é não deixar espaço para a criatividade da hora. Há quem faça o planejamento em cima de previsões mágicas. Os bruxos de plantão insistem em dizer que tudo isso dá certo. Eu acredito só na metade da previsão. É previsível só o que o bom senso já nos anuncia como verdade. O resto é conversa de quem não tem o que fazer, de gente desempregada que insiste em cuidar da vida alheia ao invés de cuidar da própria vida. Gente que vende felicidades prontas para o consumo, que dispensa o esforço e que garanta um resultado maravilhoso. Felicidades encaixotadas, prontas para serem vendidas, comercializadas, trocadas, excluídas. Comércio que insiste em nos convencer de que tem a solução para os nossos problemas. Felicidade fácil. Aparelhos que prometem nos emagrecer, enquanto comemos pipoca amontoados no sofá da sala. Cápsulas milagrosas que vão comendo a gordura da nossa preguiça enquanto continuamos preguiçosos, comendo as coisas que nos fazem mal, insistindo em expor o nosso corpo a todos os malefícios das gorduras saturadas, hidrogenadas e outros adas… Aparelhos que modelam a nossa barriga enquanto dormimos, cremes que fazem desaparecer do rosto aquilo que a vida levou anos para criar. Tudo rápido, fácil, sem esforço. Felicidades provisórias. Coisa de gente que não quer o esforço de um exercício que faz bem pro coração. Ampolas que dão ao corpo a massa muscular que o organismo levaria dois anos para alcançar. Felicidades sem volta. Morte silenciosa que vai comprometendo o interior da carne para que a exterioridade pareça forte. Felicidades futuras. Coisa de gente que projeta o inicio da dieta para segunda feira, que diz que pára de fumar quando quer, que só bebe socialmente, que não é escravo de nada, que sabe muito bem o que está fazendo. Felicidades mentirosas. Falas decoradas de quem não têm coragem de dizer que falhou, que não deu certo, que escolheu o caminho errado e que não soube voltar atrás. Coisa de gente que insiste em viver os dias só para vê-los passar. Felicidades que enganam. Gente que jura amor eterno já sabendo que não poderá ficar.


  Felicidades duradouras…


  Por outro lado, há um jeito interessante de ser feliz. Felicidades responsáveis. Gestos que nos ajudam a reconstruir a vida, encurtar as distâncias, promover as dietas, diminuir as gorduras. Vida que tem horário marcado para o cuidado do corpo, sem desculpas, sem embromos e sem enrolação. Felicidades partilhadas. Descobrir que repartir o instante feliz é uma forma de multiplicá-lo, fazê-lo eterno. Perceber que belezas superiores insistem em se esconderem em belezas menores, pouco atraentes. Felicidades sem aviso. Reencontros inesperados, presente que se recebe sem razão, comemorações sem datas especiais. Pequenos gestos que fazem a diferença na soma de tudo. Vida que se comemora só por comemorar, só por reconhecer o que nela é único, irrepetível, singular. Eu espero que este novo ano seja um tempo propício para felicidades verdadeiras. Eu não tenho nenhuma previsão para sua vida. Para mim, não importa se Saturno está na linha de Júpiter ou se as cartas revelaram verdades ocultas a respeito de quem quer que seja. O que sei é que a vida continua amanhecendo, com ou sem a minha previsão. O inesperado ainda é a metade mais viva da vida. Programe-se bem para este novo ano. Só quem se programa e cumpre bem o que se propôs saberá lidar com as surpresas. No mais, eu lhe desejo muitas e muitas felicidades sem aviso, sem previsões…


PE FABIO DE MELO

Amar sem possuir



Ninguém merece ser sozinho…
O seu coração sabe disso, porque certamente já experimentou o amargo sabor da solidão. É no encontro com o outro que o eu se afirma e se constrói existencialmente. O outro é o espelho onde o eu se solidifica, se preenche, se encontra e se fortalece para ser o que é. O processo contrário também é verdadeiro, pois nem sempre as pessoas se encontram a partir desta responsabilidade que deveria perpassar as relações humanas.
Você, em sua pouca idade, vive um dos momentos mais belos da vida. Você está experimentando o ponto alto dos relacionamentos humanos, porque a juventude nos possibilita ensaiar o futuro no exercício do presente. Já me explico. Tudo o que você vive hoje será muito importante e determinante para a sua forma de ser amanhã.
Neste momento da vida, você tem a possibilidade de estabelecer vínculos muito diversificados. Família, amigos, grupos de objetivos diversos, namorados e namoradas. Principalmente esses últimos, que não são poucos. Namora-se muito nos dias de hoje, porque as relações humanas estão cada vez mais instáveis e, por isso, menos duradouras.
Parece que o amor eterno está em crise.


Que o seu amor não seja único
Quando paramos para pensar um pouco, chegamos à conclusão de que o problema está justamente na forma como estabelecemos os nossos relacionamentos.
O grande problema é que geralmente investimos todas as nossas cartas naquela pessoa nova que chegou. Ela passa a centralizar a nossa vida, consumindo nosso tempo, nossos afetos, nossos pensamentos e nossas energias. Tudo passa a convergir para ela e, com isso, vamos reduzindo o nosso círculo de relações. O outro vai tomando tanto nossa atenção que, aos poucos, até mesmo a família vai sendo esquecida.
Porém, quando esquecemos de cultivar estes vínculos que até então faziam parte de nós, vamos criando lacunas afetivas dentro do nosso coração. É nesse momento que a confusão acontece, pois todas as necessidades começam a ser preenchidas pela pessoa enamorada.
Com o passar do tempo, ela começa a carregar um fardo muito pesado, pois passou a exercer a função de pai, mãe, irmão e amigo, quando na verdade ela é apenas um namorado, ou namorada.


Cada forma de amor no seu lugar
Essa relação começará ser muito pesada para ambos. Será fortemente marcada pela dependência, pelas cobranças e pelo ciúme. Ambos passam a viver uma insegurança muito grande, pois nunca sabem ao certo o papel que exercem na vida um do outro. O amor deixa de ser amor e passa a ser sentimento de posse, como se o outro fosse uma propriedade adquirida, pronta para atender todos nossos desejos.
Quando o coração humano identifica esse sentimento de posse, ele tende a se esconder de si mesmo e, conseqüentemente, dos outros. Teme que alguém venha quebrar o encanto, mostrando que não existe nenhuma história de amor e que ambos viraram sapos. E, o pior, acorrentados.
Mas a mudança é sempre possível. Só é preciso que sejamos honestos. Se por acaso você se identificou com esta possessiva e conturbada forma de amar, vale à pena buscar uma ajuda. Comece a canalizar melhor os seus afetos. Não os direcione a uma única pessoa. Tenha amigos, cultive-os. Redescubra sua casa, seus pais, seus irmãos, mesmo que existam problemas entre vocês. Deixe aflorar os afetos que ficaram adormecidos dentro de você. Não coloque sobre a pessoa que você diz amar a responsabilidade de ser o centro do seu mundo, nem se sinta deixado de lado o dia em que ela disser que não vai lhe ver, porque precisa ficar com a família. É que existem momentos que o colo da mãe é muito mais necessário do que o seu.
É duro de ouvir isso? Pois é, muito mais duro é não compreender!


PE FABIO DE MELO

Meu melhor Amigo



EU E O MEU MELHOR AMIGO…
 


                                    por Pe Fábio de Melo, scj.  04/18/2006


 


O meu melhor amigo morreu numa tarde triste de sexta feira. O sol ainda era quente e o calor era intenso. Morreu de um jeito cruel. Vítima de um sistema político e religioso que não sabia entender que Deus prefere os miseráveis. Morreu porque amou demais, morreu porque não sabia mentir.


O meu melhor amigo não sabia ser indiferente. Viveu o tempo todo recolhendo os que estavam caídos e desacreditados. Ele foi um ser humano inesquecível. Entrava em lugares proibidos e dormia na casa de pessoas abomináveis. Trocou santos por Zaqueu, doutores por Mateus. Não se preocupava com que os outros estavam achando dele, mas ocupava-se de sua vida como se cada instante vivido fosse o último.


Meu melhor amigo tinha o poder de ser irreverente. Ele olhava nos olhos dos fracassados e lhes restituía a coragem perdida. Segurava nas mãos dos cansados e os convencia que ainda lhes restavam forças pra chegar.


O meu melhor amigo era desconcertante. Tinha o dom de confundir os sábios e encantar os simples. Eu um dia também me encantei com ele. Chegou num dia em que eu não sei dizer qual foi. Chegou numa hora que eu não sei precisar. Sei que chegou, sei que veio. Entrou pela porta da minha vida e nunca mais o deixei sair. Somos íntimos. Minha fala está presa à dele. Eu o admiro tanto que acabo tendo a pretensão de querer ser como ele. Já me peguei cantando pra ele os versos de Tom Jobim: “Não há você sem mim e eu não existo sem você!” Ele sorri quando eu canto.


Meu melhor amigo me ensina a ser humano. Ele me ensina que a vida é uma orquestra linda, mas dói. Ele me ensina a apreciar os acordes tristes… e aí dói menos. A beleza distrai a tristeza. Foi assim que eu assisti à sua morte na sexta feira santa. Eu sabia que era passageira. Era apenas um interlúdio feito de acordes menores, dilacerantes de tão tristes. Meu amigo não sabe ser morto. Ele gosta é de ser vivo, vivente! E é assim que eu entendo a dinâmica da Ressurreição. Quando digo: “Ele está no meio de nós!” eu estou convidando o meu amigo a ser vivo através de mim. Quem ama de verdade leva sempre a criatura amada por onde vai. E é assim que o amor vai se tornando concreto no meio de nós. É assim que a vida vai ficando eterna… e a gente vai ressuscitando aos poucos…


Hoje eu acordei mais feliz. Nada de especial me aconteceu. Apenas me recordei que meu melhor amigo ainda acredita em mim, apesar de tudo. Eu sou um legítimo representante de sua ressurreição no mundo. Não posso me esquecer disso. As pessoas olham pra mim… eu espero que elas não me vejam… eu espero que vejam o meu melhor amigo, em mim. 


 

Depoimento de um medico abortista


Depois do aborto – depoimentos
“Sabemos que a criança não nascida já tem instinto de sobrevivência, possui todos os sentimentos como qualquer outro ser da mesma espécie: sente medo da morte, pressente o perigo, foge da dor, gritaria por socorro e chamaria pela mãe se tivesse voz” 
 
 
Depoimentos


De um médico abortista


“Fui diretor da maior clínica especializada em abortos do mundo.


E fui membro fundador da Associação Nacional a Favor do Aborto, cujo objetivo era conseguir do governo dos Estados Unidos, uma lei que permitisse o aborto. Exercíamos pressão sobre os membros governamentais para que fizessem leis neste sentido.


Quero que saibam portanto, que fui membro da maior organização mundial que vendia aborto. Eis o resumo de como funcionava a organização:


Em 1968, ao organizarmos o movimento, fizemos um levantamento para sabermos quantas pessoas eram contra e quantas eram favoráveis ao aborto.


O resultado foi: 1% era a favor – e 99% não aceitava o aborto voluntário.


Vou explicar como fizemos para convencer os 99% a aceitarem a idéia  – e a mesma tática foi empregada depois, em outros países onde se organizou idêntica embrulhada.


Duas grandes mentiras nos serviram de base:


1.º – falsificamos estatísticas e fingíamos fazer enquetes mostrando que grande parte do aborto nos Estados Unidos eram favoráveis à provocação do aborto.


2.º – escolhemos uma vítima para atribuirmos a responsabilidade da não aprovação do aborto nos Estados Unidos: a Igreja Católica.


Mais tarde, os pró-abortistas empregavam as mesmas estatísticas e os mesmos números inventados por mim, em 68. Isso me divertia, me fazia rir bastante, porque eu havia participado do processo e sabia muito bem que eram tudo mentiras – puras patranhas – mas havia quem acreditava.


Pelas estatísticas verdadeiras sabíamos que, naquela época, nos Estados Unidos, menos de mil mulheres praticavam, anualmente, o aborto clandestino. Mas este número era pequeno demais e não bastava para chamar a atenção dos desprevenidos. Então, multiplicamos este número por mil – e dizíamos que um milhão de casos aconteciam anualmente!


O número de mortes motivadas por abortos clandestinos também era pequeno: não chegava a duzentos. Este número também não bastava para nossa propaganda – dizíamos pois, que dez mil mulheres perdiam a vida por ano em processos abortivos, por falta de cuidados médicos.


Outras táticas eram ainda de nossa invenção. Dizíamos, por exemplo, que havíamos feito uma enquête nas ruas e que 24% da população aprovava o aborto. Meses depois, dizíamos que a aprovação havia subido para 50% – e assim, sucessivamente, sempre aumentando os números por nossa conta.


A idéia é simples: as pessoas – principalmente as mulheres – desejam estar sempre na última moda; desejam sempre formar parte da maioria; desejam sempre ser consideradas modernas, têm horror a ser chamadas de antiquadas. Assim, elas se uniam aos “avançados”.


Mais tarde, efetuamos enquetes de verdade e comprovamos que, pouco a pouco, os resultados que havíamos forjado iam aparecendo; crescia a adesão ao aborto provocado!


Sejam vocês muito cuidadosos ante as pesquisas, principalmente sobre aborto, porque costumam ser manipuladas e, com isso, convencem aos que se interessam pelos noticiários. Estas pesquisas mentirosas chegam a convencer aos governantes, que modificam as próprias leis.


É importante que estejam atentos aos meios de comunicação porque, de acordo com a maneira de propagar conceitos, eles conseguem infiltrar quaisquer idéias nas pessoas. E, em 68, difundíamos através dos meios de comunicação, todas as mentiras que acabo de referir.


Afinal, quem duvida da estatística?


Quem é que vai conferir se tudo é verdade?


Pois bem: a maior clínica mundial especializada em abortos – o Centro de Saúde Sexual – esteve em minhas mãos. Eram 10 salas de cirurgia e 35 médicos especialistas sob as minhas ordens. Praticávamos 120 abortos por dia, inclusive aos domingos e feriados; só no dia de Natal não trabalhávamos.


Confesso que, enquanto a clínica esteve sob minhas ordens, foram praticados mais de 60.000 abortos sendo que pelo menos 5.000 foram realizados por mim, pessoalmente.


Em setembro de 72 eu me afastei da clínica porque tinha outros compromissos a cumprir mas, para mim, aqueles anos de trabalho me trouxeram uma experiência sem precedentes – e ainda hoje, me pesam no coração, os remorsos pelo que fiz, como uma vergonhosa lápide mortuária.


Lembro-me que os médicos que trabalhavam comigo, apesar de bem remunerados, também não se sentiam à vontade. Suas esposas me contavam que eles tinham pesadelos pavorosos e acordavam gritando, falando em sangue e corpos de bebês destroçados. Alguns dos meus auxiliares bebiam muito, outros passaram a se drogar e vários deles tiveram de fazer longos tratamentos psiquiátricos.


As enfermeiras também, muitas delas se tornaram alcoólatras e outras tiveram de abandonar o trabalho, afetadas por grandes perturbações nervosas.”


Esta é parte da confissão do dr. E. Nathanson, no Congresso Internacional no Colégio dos Médicos em Madrid, na Espanha.


Este médico, para melhor impressionar as futuras clientes – e silenciar talvez a própria consciência – resolveu filmar um aborto. Com este material, poderia esclarecer aos que relutavam em aderir à matança de crianças, os seguintes aspectos: rapidez, eficiência e segurança com que conseguiam retirar um feto do útero, assim como exibir a alta tecnologia empregada.


O filme – que recebeu o nome “O grito silencioso” – mostraria o interior do útero e os meios usados para destroçar e sugar a criança de dentro dele.


Mas a filmagem funcionou ao contrário porque ele próprio, o médico, ficou impressionado com o que viu e, a partir deste filme, ele se posicionou contrário ao aborto. E passou a exibir a filmagem, tentando assim, convencer às mulheres a não praticá-lo.


Para melhor comentar sobre o filme, eis este depoimento:


De Graciela Fernándes Raineri:

“Vi o filme “O Grito Silencioso” apresentado pelo dr. Nathanson, famoso médico ex-abortista norte americano.


Ele mostra, mediante uma ecografia realizada na mãe, no momento do aborto, o que sucede com o bebê que – apenas agora se sabe – já reflete as características humanas: sente medo, sente dor e tem apego à vida.
Ao ver o filme acreditei ser o meu dever divulga-lo pois o mundo tem obrigação de saber o que realmente sucede num aborto provocado.


O filme começa mostrando o bebê antes da operação abortiva. Neste caso verídico, o bebê estava com 12 semanas, se mexia lentamente, colocava, de vez em quando, o polegar na boca. Parecia à vontade no ambiente tranqüilo, na segurança do útero materno.


Quando o abortista introduz o primeiro elemento metálico procurando romper a bolsa amniótica, a criança perde seu estado de tranqüilidade. Os aparelhos registram aceleramento das suas batidas cardíacas e, em movimentos nervosos e perfeitamente conscientes, o pequeno ser muda de lugar, desviando-se do instrumento cirúrgico.
A bolsa é rompida e é introduzido um outro aparelho, espécie de aspirador. Neste estágio, nenhum instrumento tocou ainda o bebê – no entanto, ele pressente que algo anormal e terrível está para lhe acontecer porque, agora, muda de lugar num ritmo enlouquecido para os lados de cima, em busca de segurança, no desejo de fugir ao aparelho e livrar-se de sua ação.
Quando o metal está quase para toca-lo, a criança encolhe todo o corpinho – e sua boca se abre desmesuradamente, como se quisesse gritar.
O instrumento de aspiração alcança seus pezinhos e os arranca.
Arranca os pezinhos, mas a criança ainda está viva!


Ela se debate, mas seus pedaços vão sendo destroçados, puxados, arrancados, sugados, em grande velocidade.
Em menos de um minuto resta apenas a cabeça, que não passa pelo aparelho. Um outro instrumento parecido a uma pinça gigante é introduzido. A cabecinha é presa, triturada, transformada em pedaços e também retirada.
São os últimos resquícios daquele que, pouco antes, era um ser humano tranqüilo – e depois amedrontado, horrorizado, mesmo em desigualdade de condições fez o possível para não morrer e, no último momento, abriu a boca ao máximo, num grito, com o objetivo talvez, de pedir auxílio…
A quem???


Eu, pessoa humana, que posso gritar e expressar minha vontade, empresto hoje minha voz a todos estes pequeninos que, ao serem mortos quiseram gritar, implorar pela vida, abrindo a boca – porém… ainda não tinham voz!
Em nome de todos estes inocentes, eu peço a quem de direito que projete este filme em todas as escolas, nos colégios, nas universidades, para todas as mulheres e homens, a fim de que se faça conhecer o que realmente acontece num aborto provocado e dar a conhecer o direito à vida de uma criança.


De uma mulher anônima

“Sou mulher como você e quero dizer que a ignorância me levou ao erro mais desgraçado que uma mulher pode cometer.


Hoje compreendo o que fiz.


Quando os acontecimentos trouxeram luz à minha vida, horrorizei-me comigo mesma e percebi que não me informaram, na época, a verdade inteira.
Disseram-me que seria retirado apenas um conjunto de células sem que isso viesse a prejudicar-me a mim mesma e a ninguém mais.
Os meus olhos não viram o pequeno ser que se agitava dentro de mim, por isso, eu o desprezei. Dizem que “o que os olhos não vêem, o coração não sente.” Mas hoje, eu sinto e me lamento… tarde demais.
Quando vejo uma criança pequena nos braços da mãe, o coração me estremece diante de tão terrível recordação.


Agora, digo a você, a quem não conheço: — Jamais tome a decisão que tomei, porque não esquecerá nunca. Por muitos anos que você possa viver, sempre que ouvir o choro de uma criança, este som lhe sacudirá as entranhas, o coração e a alma, como me acontece ainda hoje.
Queira Deus que minha amarga experiência a mantenha longe de situação idêntica.
Perdoe por não assinar o meu nome… não o posso fazer.


De onde vem esta criança?
Sabemos agora, que as estatísticas sobre o aborto podem ser mentirosas e enganam aos que querem ser enganados.


Enganam àqueles que procuram motivos para cometer o ato mais desprezível, o ato mais sujo e covarde que o ser humano pode cometer.
E sabemos, principalmente, que a criança não nascida já tem instinto de sobrevivência, possui todos os sentimentos como qualquer outro ser da mesma espécie: sente medo da morte, pressente o perigo, foge da dor, gritaria por socorro e chamaria pela mãe se tivesse voz.
A criança ainda no útero é, portanto, uma pessoa completa, dona de uma alma ou espírito — no entanto, aqueles que provocam o aborto preferem acreditar que uma criança é uma “pessoa” somente a partir do nascimento.
E, mesmo que fosse só um punhado de células, é uma semente de gente.
E esta semente de gente tem VIDA.


Diz Dom Rafael Cinfuentes (responsável pela Pastoral Familiar da Arquidiocese do Rio e principal organizador da visita do papa ao Brasil em outubro de 97):


“Entre o feto e o bebê não há diferença. No início da fecundação ele já é uma vida humana. O feto é dono de todo um patrimônio genético que funciona de modo idêntico e qualquer outro ser humano. Portanto, tem vida.”


A quem pertence aquele corpinho vivo?
Será que pertence a nós, que o estamos carregando na barriga?
Para que aquela pessoinha fosse considerada nossa, de nossa propriedade, ela teria de ser sido comprada numa loja — ou então, teria de ter sido confeccionada por nós — por nossas mãos, por nossos próprios meios.
Mas nenhuma ser vivo pode ser construído por nós, pessoas da Terra.
Até mesmo um clone é feito a partir de células vivas pré-existentes.
Não conseguiríamos construir um único mosquito morto, não saberíamos fabricar uma única pétala de flor natural. O que dizer de um ser humano?


Assim, não está no poder de nenhum de nós a construção de um corpo vivo, pois não sabemos fazer um único fio de cabelo.


Sem os exames médicos, não saberíamos ao menos o sexo da criança que está dentro de nós! Impossível conhecer a fisionomia que está sendo plasmada no interior do nosso ventre, nem a cor dos olhos, nada! E, mesmo assim, misteriosamente, a criança nasce com todas as partes do corpo, com todos os órgãos, com movimentos graciosos, com dedinhos delicados — cinco em cada mão, cinco em cada pé — com inteligência, com um espírito!


Será que fomos nós a fabricar aquele cérebro perfeito que ainda é um enigma até para os maiores cientistas do mundo? Será que fomos nós a construir — com nosso nulo conhecimento — cada orelhinha, cada pezinho, cada olhinho, cada órgão que funciona perfeitamente?


Não! Tudo é fruto de leis maiores, leis da evolução, leis do próprio Deus.


Nós apenas acionamos o interruptor e, estranhamente, nasce de nós um outro ser — uma criança inteira, com tudo no lugar, com tudo funcionando; uma criança que se parece conosco, mas que não sabemos nada sobre ela.


Se este serzinho foi fabricado dentro de nosso útero, com substâncias retiradas de nosso próprio corpo, como é que o desconhecemos completamente?
É porque ele não é nosso.
É porque não fomos nós quem o fizemos.
É porque ele foi colocado em nosso ventre por mãos desconhecidas.
E foi colocado aí já pronto.


Se foi colocado pronto em nós é porque já estava pronto em outro lugar. E se estava pronto em outro lugar é porque foi fabricado por outros.
Neste caso, não somos nós o seu dono.


E se não fizemos esta criança; se não somos donos dela, com que autoridade a matamos? Com que direito nos consideramos senhores daquela alminha de Deus? Como é que se vai destruindo assim, sem mais nem menos o que pertence a outrem?
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Obra consultada e recomendada:
Trechos do livro “Depois do Aborto”, Cleunice Orlandi de Lima, Editora DPL


Profa. Cleunice Orlandi de Lima – Professora, escritora, criadora do Método Historiado Professora de Papel www.professoradepapel.com.br e colaboradora do Cent. Est. Esp. Paulo Apóstolo de Mirassol – SP
Cleunice Orlandi de Lima