Como devemos entender a vida cristã? Uns falam da prática do bem, outros de evitar o mal. Onde estão os fundamentos?

Como devemos entender avida cristã? Uns falam da prática do bem, outros de evitar o mal. Onde estão osfundamentos?

 

De fato há muitadificuldade de entender onde se localiza a vida cristã. Já nascemos dentro deuma comunidade cristã, muito definida, com uma tradição que é passadanaturalmente. Há vantagens, mas alguns noções essenciais acabam por serprejudicados ou pelo esquecimento, ou porque nos envolvemos com outros dados eobscurecemos partes importantes da Palavra de Deus. Um destes perigos sereferem justamente aos fundamentos da vida cristã.

            No evangelho do domingo passado (Lucas12,13-21), Jesus fala do perigo das riquezas. E explica que o perigo é ajuntartesouros para si e não ser rico diante de Deus. Falamos do perigo e nãoapresentamos a solução fundamental da vida cristã que é ser rico para Deus. Nãoqueremos com isso criar uma mentalidade consumista da vida cristã: vou fazercoisas boas, amontoar rezas, orações e atividades e assim estou bem. Certo quedevemos fazer isso também, mas o fundamento está naquela grande riqueza que diza segunda leitura: (Col 3,3): “Vossa vida está escondida com Cristo em Deus”. Ofundamento da vida cristã é estarmos emDeus. Nisto está a riqueza quedevemos fazer crescer em tudo o que fizermos. Assim o bem que fazemos não éamontoar produtos espirituais, mas estar ligado à fonte da vida porque estamosunidos à seiva de vida que é Cristo escondido em Deus.

            Aqui temos que mudar muito nosso modode conceber a vida cristã. Há muita leviandade em se compreender a vida cristã:ou nos satisfazemos com três ou quatro quireras, ou comprendemos esta vida apartir do lado negativo, isto é do pecado, do mal e do tentador. A leviandade énão se importar com o profundo da vida espiritual. O negativo é só pensar nopecado, no demônio e em sua ação em nós.

            Temos que fugir dos dois males. E omodo de superar estes perigos é o conhecimento de quem somos nós: pelaencarnação e redenção, estamos “misturados” com Deus. Mesmo que eu esteja foraDele, Ele está dentro em mim. A vida deve ser a partir dele. Daí surgea necessidade de procurar as coisas boas que Deus realiza em mim. E estas logicamente são um tesouroimenso. À medida em que vou me abrindo à esta vida de Deus em mim minhas açõestomam sentido e o mal que há em mim se dilui automaticamente. Cura-se umaplanta murcha com a água viva.

 

Pe. LuizCarlos de Oliveira, C.Ss.R.