Dificuldade em torno da identidade sexual
No processo da TIP TERAPIA, quando abordado o inconsciente, encontramos nele todas as respostas para o sofrimento em particular de cada ser humano, ou seja, para cada angústia, dor, medo, agressividade…
Existe um registro negativo que ficou gravado nesta área mais profunda da interioridade que chamamos Inconsciente, os quais continuam vivos dentro de cada ser humano. Os registros são únicos e seus efeitos se expressam particularmente na existência de uma pessoa de uma determinada forma.
O método utilizado na TIP é o questionamento. Através dele realiza-se a pesquisa no inconsciente da pessoa que solicita ajuda em função dos seus sintomas. Portanto, o objetivo do terapeuta é decodificar, “deletar” esses registros negativos que estão gravados em seu inconsciente gerando uma série de sofrimento para si próprio e para aqueles do seu convívio.
Na maioria das vezes na entrevista inicial, o paciente não relata suas dificuldades em torno da identidade sexual. Isto, porque tocar neste assunto é muito sofrido, ou porque já fez terapias que o ajudaram a aceitar-se como é, ou por considerar algo resolvido, e assim sendo o terapeuta na maioria dos casos, para não dizer em todos, não vai investigar este problema especificamente, a não ser que o paciente solicite e este seja o seu objetivo.
Então, nos casos em que o terapeuta não sabe que em torno da identidade sexual tem um sofrimento, este acaba aparecendo como a expressão de um trauma que está registrado no inconsciente.
Na pesquisa realizada através do questionamento, o próprio inconsciente mostra um fato que gerou neste nível da interioridade condicionamentos que estão trazendo sofrimentos nesta área da qual estou me referindo.
Como disse acima, nosso objetivo é pesquisar no inconsciente as causas do sofrimento sem saber o que vamos encontrar lá. Esses sofrimentos na maioria das vezes se nos apresentam como angústia, medo, ansiedade, insegurança, transtornos de humor… Para nós terapeutas é uma surpresa quando chegamos a um determinado registro negativo e o próprio inconsciente mostra a sua expressão na vida daquela pessoa. É uma surpresa porque para cada pessoa a forma como um determinado registro age é novo e inédito.
Vou relatar brevemente alguns exemplos de causas que estavam no inconsciente de alguns pacientes que ao lançar a pergunta ao seu inconsciente de como este registro age em você, o inconsciente mostrou as dificuldades em torno da identidade sexual.
Vejamos alguns exemplos:
Caso 1. (a mãe grávida de um menino no 4º. Mês de gestação)
O pai expressa preferência pelo sexo oposto da criança que se encontra em seu ventre. Esta se contorce lá dentro e conclui:
Eu não sou o que deveria ser.
Eu não agrado meu pai.
Eu sou um erro.
Para eu agradar tenho que ser o contrário, tenho que ser como menina.
Daí perguntou-se ao inconsciente: Dê-me cenas da sua existência que mostrem a expressão dessas Frases Registros e Frases Conclusivas em você, para entendermos como esses registros agem na vida e no seu dia-a-dia
Apareceram cenas como:
2 anos: estou na penteadeira mexendo nas maquiagens da mamãe.
6 anos: quero vestir as roupas da minha irmã, para agradar a mãe.
10 anos: estou na escola o professor fala meninos para um lado e meninas para o outro, eu fico em dúvida para onde devo correr.
Assim tem tantas outras expressões onde em cada pessoa o registro tem uma forma de expressar-se.
Caso 2. ( mãe grávida de um menino no 7º.mês de gestação, nega-se a amá-lo)
Pai procura a mãe para fazer um carinho, a mãe o rejeita virando de costas, o pai se chateia e pensa consigo: tomara que este bebê não seja homem para não sofrer, pois homem sofre. O bebê concluiu lá no útero materno: não é bom ser homem, homem sofre, eu quero ser mulher.
Perguntou-se ao inconsciente como esta conclusão do bebê se expressava na sua vida, ele respondeu que sente atração por homens, pois eles amam, não rejeitam como as mulheres, as mulheres desprezam.
Caso 3. (Abuso sexual de homem adulto para com um menino)
Menino de 6 anos é abusado e forçado a uma relação sexual por parte de um tio.
Concluiu este menino: eu não sou homem, este tio me vê como mulher, eu não sei o que sou.
Expressão em sua vida: uma menina me olha e eu penso que não sou digno de amá-la, nem de ser amado por ela. Só posso ser amado por homem.
Caso 4. (Menina abusada sexualmente por um homem)
Menina de 3 anos sendo abusada por um homem, o qual lhe ofereceu um doce, ela aceitou, ele a pegou no colo e a molestou, a menina tenta sair dos braços dele, ele a força e ela conclui: os homens não são confiáveis somente as mulheres, eu não vou confiar nos homens.
Assim o inconsciente mostrou ela adulta tendo relacionamento com mulher, ou seja ela confia somente na mulher, ela se permite expressar afeto somente para mulher, porque no seu inconsciente está registrado que o homem engana e a mulher confia.
Caso 5. (Mãe grávida de uma menina, no terceiro mês, deseja que o bebê seja menino)
No terceiro mês de gestação a mãe pensando que era melhor que fosse menino e o bebê era menina. Esta entendeu: sou errada sendo menina, então para ser certa tenho que ser como menino.
Perguntei como este registro se expressou na sua existência, vieram cenas dela tendo relacionamento com as meninas, onde seu inconsciente precisava agir como se fosse menino, se interessando por aquilo que seria do interesse do menino, para agradar a mãe. Esta paciente tinha também muitos problemas com seu namorado.
Portanto, no inconsciente estão registrados estes fatos com suas respectivas conclusões generalizadas, o que desvia principalmente a capacidade de amar do ser humano, ou seja, ele entende no seu inconsciente que deve expressar amor somente para aqueles que são o contrário, no sentido de homem ou mulher, do qual lhe causou um mal no passado. Ou deve comportar-se ao contrário do que é para agradar e dar felicidade a alguém que no seu inconsciente desejava o contrário do que é.
A capacidade de amar é inata em todo ser, devido aos traumas sofridos no passado, ele condicionado pelo inconsciente, somente desvia a expressão do seu amor, do afeto, para quem não lhe causa possíveis ameaças, ou não aciona os fatos passados em seu inconsciente.
Os pacientes ao fazerem esta descoberta, sentem um alívio enorme, pois descobrem que são sim homem ou mulher na sua essência, e que podem ser o que são. Ao desmanchar tal trauma ele descobre que pode amar a todos, sente-se livre para expressar seu afeto e passa a viver com mais liberdade.
Ao descobrirem no processo terapêutico, após ter feito o diagnóstico no seu inconsciente, que seu pai e sua mãe a queriam sim como menina ou menino e após decodificar o verdadeiro motivo pelo qual queriam um ou outro, o paciente descobre que foi sim querido e desejado, amado por ser o que é e como é. Então passa a aceitar-se como é, não precisando mais negar-se na sua identidade sexual.
E naqueles casos de abuso é realizado no inconsciente o processo terapêutico para “desmanchar” a atitude do agressor e refazer aquele momento através da realidade in potencial, que é o que teria acontecido se tal pessoa não tivesse aquele problema que o conduziu a nível inconsciente a praticar aquele mal, descobre-se que havia um trauma que o levava a ter determinado comportamento, e a incrível revelação do inconsciente é que aquele comportamento do agressor não era ligado, direcionado para a vítima, mas esta vítima acionava em seu inconsciente o trauma vivido no seu passado, no nível inconsciente o paciente compreende seu agressor e liberta-se também da mágoa que o prendia a ele, não deixando-o ser livre.
Lembro-me aqui de um caso de um pai que abusou da filha, porque havia sido abusado pelo vô quando era criança, este registrou que não era digno de amor, e o inconsciente revelou que fizera aquilo com a filha para afastá-la dele, pois ele não merecia ela como filha.
Uma vez removido esses registros do inconsciente surge na pessoa o desejo de mudar seu comportamento, aliás, é automática a mudança dentro de si, pois se percebe livre podendo ser como é.
A mudança de seus comportamentos e atitudes depende da própria pessoa, pois ela continua sendo livre em suas ações, somente mudará padrões de comportamento se desejar.
Nosso objetivo é remover os traumas de seu inconsciente, o que ela vai fazer com essas mudanças é de seu livre arbítrio.
Estão aqui alguns exemplos de causas inconscientes, de traumas que ficaram registrados neste nível da interioridade humana, que ao questionar o próprio inconsciente, de como tais traumas se manifestam na vida ou no dia-a-dia da pessoa, ele mostra as diferentes expressões em torno da identidade sexual.
Portanto na ADI, encontramos as causas dos transtornos expressos na área da identidade sexual, a pessoa em sua essência ou é HOMEM OU É MULHER, o inconsciente revela que não existe o meio termo, ele revela é que aconteceu uma distorção em torno do ser homem ou ser mulher, permanecendo no inconsciente esta gravação que leva a pessoa a negar o que ela é para um bem aparente, ou um bem distorcido.
Ao se desmanchar no inconsciente esta distorção, a pessoa faz a experiência de uma liberdade até então não vivida, pois era escrava daquele seu registro que a levava a agir de forma contrária à sua essência. O sofrimento em volta de sua identidade sexual, as angústias são um sinal de que sua verdade não é essa que pensa ser. Por isto sofre.
Não quer dizer que estas são todas as causas dos sofrimentos em torno da identidade sexual, são apenas alguns exemplos, para que você possa ter o conhecimento das possíveis causas, e conheça um pouco do que se passa na interioridade de tantos que sofrem nesta área, e conhecendo nos tornemos mais compreensivos, amáveis e acolhedores.
Portanto, estas revelações do inconsciente nos ajudam a compreender porque Deus é misericordioso, pois Ele conhece as causas dos problemas de cada pessoa, assim, nós também podemos ser ao sabermos e conhecermos que toda pessoa tem um motivo no seu inconsciente para ser como é.
No anseio de lhe ajudar, deixo aqui meu forte desejo de poder tê-lo trazido uma Luz, que possa lhe trazer paz para a sua inquietação.
Liseane Selleti
Contatos: psicologia@padrereginaldomanzotti.org.br