Células-tronco: Entre a Ilusão e a Realidade
Dr. Frei Antônio Moser
Assessor da CNBB para assuntos de bioética
AssessoriaDr. Frei Antônio MoserAo longo da história, em todas as civilizações, sempre houve algum tipo de santuário, onde as pessoas buscavam a cura de seus males. Como também, em todos os tempos a maior parte das pessoas sempre acreditou num Ser transcendente que as ajuda a encontrar um sentido para suas vidas e até para seus sofrimentos.
Hoje vivemos um certo paradoxo. Por um lado cresce o número dos descrentes, e por outro cresce o número dos que crêem. Só que enquanto uns crêem em Deus, outros, lançam sua confiança inteiramente no que denominam de ciência.
Graças a Deus as várias ciências estão progredindo e muito rapidamente. Graças a Deus sobretudo o campo da medicina tem conhecido grandes avanços nestes últimos tempos, oferecendo melhores condições básicas de vida e eventualmente condições para a cura de certos males, ou ao menos algum alívio.
Infelizmente, certos grupos que se auto denominam de cientistas, e isto de maneira exclusiva (só nós é que sabemos e podemos), mais parecem regredir a tempos imemoriais do que acompanhar a marcha das verdadeiras ciências. Mais claramente: ao mesmo tempo que negam Deus e milagres, criam ilusões de forças estranhas e milagrosas, capazes de debelar todos os males.
Nem é preciso dizer que se trata das células tronco. Maravilhosas sim, apenas que é preciso saber que elas fazem parte de uma verdadeira rede de mecanismos que agem sempre de maneira conjugada e remetem sempre para muitos fatores ao mesmo tempo. Ademais é preciso conhecer e respeitar suas propriedades.
Claro que todos queremos e devemos fazer o possível para ajudar os portadores dos mais diversos tipos de deficiências, provenientes das mais diversas causas. O que não podemos fazer é criar nestas pessoas a ilusão de curas mágicas. Criar ilusões não é socorrer os que sofrem: é plantar neles as sementes da desilusão. Ilusão não se confunde com esperança: a primeira, depois de algum tempo, leva ao desespero; a segunda, fundamentada numa concepção realista da vida, jamais decepciona: ela dá forças para enfrentar as contradições que todos, de uma maneira ou de outra, mais cedo ou mais tarde, terão que enfrentar.