Estudos sobre as seqüelas psicológicas do aborto
Medo, ansiedade, dor e culpa são apenas alguns dos sentimentos que muitas mulheres que já se submeteram à violenta prática do aborto referem ter com freqüência. Em muitos casos torna-se necessário recorrer a tratamento psiquiátrico para fazer em face de estes sentimentos. E esta realidade está documentada em inúmeros artigos científicos.
Um estudo retrospectivo com cinco anos de duração realizado em duas províncias canadianas expôs uma utilização de serviços médicos e psiquiátricos significativamente mais elevados por parte de mulheres que já tinham sido sujeitas ao aborto. Ainda mais significativo foi o fato de 25% das mulheres sujeitas ao aborto freqüentarem consultas de psiquiatria, comparadas com 3% das mulheres do grupo de controlo. (1)
Os investigadores que estudam as reações pós-aborto nas mulheres referem apenas um sentimento positivo: alívio. Este sentimento é compreensível uma vez que uma grande percentagem de mulheres referem estar sob grande pressão para realizar o aborto. Este sentimento momentâneo de alívio é frequentemente seguido por um período que os psiquiatras designam de “paralisia” ou “dormência” pós-aborto.
Um estudo realizado em 1980 em pacientes submetidas a aborto mostrou que, durante há primeira semana após o aborto, entre 40 a 60% das mulheres questionadas referiram reações negativas. Dentro de um prazo de oito semanas após o aborto, 55% expressou culpa, 44% queixaram-se de distúrbios nervosas, 36% de distúrbios no sono, 31% tinham remorsos em relação à decisão de abortar e 11% tinha sido prescrita com medicamentos psicotrópicos pelo médico de família. (2)
Com especial risco de vir a sofrer problemas do foro psiquiátrico estão às adolescentes, mulheres separadas ou divorciadas, e mulheres com um editorial de mais de um aborto. Como muitas mulheres acabam por utilizar a repressão como meio de lidar com o que sente, a procura de ajuda psiquiátrica pode ocorrer muito depois do aborto ter sido realizado. Estes sentimentos reprimidos, no entanto, podem induzir doenças psicossomáticas ou psiquiátricas noutras áreas da sua vida.
Uma sondagem realizada a 260 mulheres (3), muitas das quais procuravam informação sobre aconselhamento pós-aborto e que já se tinham submetido à pelo menos um aborto enquanto adolescentes mostrou que de uma forma geral estas mencionaram ter:
“flashbacks” relativos ao momento do aborto
Crises de histeria
Sentimento de culpa
Medo do castigo de Deus
Receio pelas suas próprias crianças
Agravamento de sentimentos negativos no aniversário da data do aborto ou quando exposta a propaganda a favor da liberdade de escolha (do aborto)
Interesse excessivo em mulheres grávidas e em bebês
Visões ou sonhos com a criança abortada
Consciência de terem falado com a criança abortada antes do aborto.
Mulheres que tinham um historia de mais de um aborto induzido referiram com mais freqüência:
Um período de forte alívio após o aborto
Uma história de abuso sexual enquanto crianças
Ódio aos homens que as engravidaram
Ter terminado o relacionamento com o seu parceiro após o aborto
Dificuldade em manter e desenvolver relacionamentos pessoais
Ter adotado um comportamento promíscuo
Ter-se tornado auto-destrutiva
Começar ou aumentar a utilização de drogas depois do aborto
Sentimentos de ansiedade
Medo de Deus
Medo de outra gravidez
Medo de ter de recorrer a outro aborto
Efeitos emocionais tão severos impeditivos de qualquer atividade em casa, no trabalho ou de qualquer relacionamento pessoal
Ter experimentado um esgotamento nervoso algum tempo após o aborto induzido.
1. Report of the Committee on the Operation of the Abortion Law (1977). Ottawa: Supply and Services, pp.313-321.
2. Ashton, J.R. (1980). The Psychosocial Outcome of Induced-Abortion. British Journal of Obstetrics and Gynaecology 87(12):1115-1122.
3. Reardon, D. (1994). Psychological Reactions Reported After Abortion. The Post-Abortion Review 2(3):4-8.
Stresse Pós-aborto
Os danos psicológicos mais sérios que as mulheres que se submetem a um aborto induzido experimentam podem ser englobados numa condição designada de Síndrome Pós-Aborto (SPA). Esta condição faz parte da classe mais abrangente de desordens designadas de Desordens de Stress Pós-Traumático. O SPA pode ser descrito nos seguintes componentes básicos (1) :
Exposição ou participação numa experiência de aborto, que é compreendida como a destruição traumática e intencional da sua própria criança não nascida
Reviver de uma forma negativa e não controlada o momento do aborto (“flashback”)
Tentativas mal sucedidas de evitar ou negar recordações dolorosas do aborto, resultando na perda de reação
Experiências de sintomas associados que não estavam presentes antes do aborto, incluindo culpa
Através de um processo de negação, as vítimas do SPA inibem o processo natural de mágoa e desgosto pela morte de um filho e frequentemente negam a sua responsabilidade no aborto. A negação ou supressão bloqueia, por sua vez, o processo e cura e a possibilidade de perdão a si mesma e outros envolvidos na sua decisão e no seu aborto.
O trauma manifesta-se geralmente numa disfunção na área psicológica, física ou espiritual.
O stress psicológico como conseqüência de um aborto parece ser maior do que antes se pensava. Um estudo recente que incluiu 331 mulheres russas e 217 mulheres americanas que se submeteram a um aborto parece demonstrar essa realidade (2). Entre outras coisas, este estudo revelou que:
65% das mulheres americanas sondadas experimentou múltiplos sintomas de desordem de stress pós-traumático, os quais atribuíam ao seu aborto.
64% das mulheres americanas sentiram-se pressionadas por outros a escolher o aborto, em comparação com 37% das mulheres russas.
De um modo geral, as mulheres referiram mais reações negativas do que positivas.
A reação positiva mais mencionada foi o alívio, mas apenas 7% das mulheres russas e 14% das americanas a mencionaram.
As mulheres americanas eram mais propensas a atribuir aos seus abortos pensamentos subseqüentes de suicídio (36%), um aumento de consumo de drogas e álcool (27%) problemas sexuais (24%), problemas relacionais (27%), sentimento de culpa (78%) e incapacidade de auto-perdão (24%).
Aproximadamente 2% das mulheres americanas atribuíram ao seu aborto uma hospitalização psiquiátrica subseqüente.
Aborto e trauma
A experiência do aborto pode ser traumática para as mulheres por variadas razões. Muitas são forçadas a fazê-lo pelos maridos, namorados, pais ou outros (casos recentes reportados nas notícias mostram que muitas prostitutas são obrigadas pela “entidade empregadora” a submeter-se a abortos sempre que engravidam). Se a vida destas mulheres é caracterizada pelo abuso resultante do domínio forçado por parte de outra pessoa (o marido será um exemplo freqüente em Portugal), a sujeição a um aborto não desejado pode ser encarada como a humilhação ou violação final.
Outras mulheres, independentemente das razões que as levam a sujeitar-se a um aborto, podem ainda encarar esta prática como a morte violenta do seu próprio filho. Algumas mulheres chegam mesmo a referir que a dor provocada pelo procedimento do aborto, aliada ao fato de ser infligida por um estranho de mascara, poder ser comparada a uma violação ou invasão do seu corpo. (1)
Alguns sintomas referidos por mulheres sujeitas a um ou mais abortos são: pensamentos recorrentes sobre o aborto ou a criança abortada, sensações momentâneas em que a mulher relembra ou sente algum aspecto relacionado com a sua experiência do aborto, pesadelos sobre o aborto ou a uma criança abortada, reações de angústia intensa ou depressão no aniversário da data do aborto.
Para além das muitas formas da reação de trauma conseqüentes de um aborto induzido, estas variam também no tempo. Muitas mulheres experimentam um período inicial de remorsos e mais tarde encontram algum alívio emocional, enquanto que outras mulheres lidam bem com a situação após o aborto e só mais tarde experimentam problemas emocionais. Num estudo realizado entre 260 mulheres que experimentaram reações negativas pós-aborto, entre 63 a 76% referiram a existência de um período em que negaram quaisquer sentimentos negativos relacionados com o aborto. O período médio de negação apresentado como conclusão deste estudo foi de 63 meses. (2)
Muitas mulheres que se submetem a um aborto chegam a sofrer daquilo que se designa desordem de stress pós-traumático. Um estudo realizado mostrou que 1,4% das mulheres que se sujeitam a um aborto nos EUA sofrem desta desordem como resultado do seu aborto e que, de um modo geral, os sentimentos negativos aumentavam e a satisfação com a escolha diminuía com o passar do tempo. (3) No entanto, este estudo também demonstrou que grande parte das mulheres não experimenta problemas psicológicos ou arrependimento em relação ao seu aborto num período de dois anos pós-aborto. Apesar da percentagem de mulheres afetadas por esta desordem ser baixa, só nos EUA este número abrange cerca de 18.200 novos casos anualmente, o que implica mais de meio milhão desde que o aborto foi legalizado em 1973.
Outro estudo realizado na Suécia a partir de entrevistas feitas a mulheres no período de um ano após se terem submetido a um aborto, revelou que cerca de 60% das mulheres (de uma amostra de 854) experimentaram stress emocional após o aborto. (4) Em 16% das mulheres este stress foi classificado como “severo”, tornando necessários cuidados psiquiátricos. Cerca de 70% das mulheres também referiram não voltar a considerar o aborto induzido como opção se fossem novamente confrontadas com uma gravidez não desejada.
Aborto e depressão
Um estudo recente sugere que as mulheres que abortam na sua primeira gravidez não desejada têm maior propensão para o suicídio, aumento do abuso de drogas e para a depressão clínica, do que mulheres que levam a sua gravidez não intencional até ao fim. Este estudo publicado num prestigiado jornal científico de medicina, foi levado a cabo por uma organização Norte Americana de investigação e educação que estuda as complicações pós-aborto e fornece programas de aconselhamento para as mulheres. Os dados deste estudo foram retirados de um estudo nacional sobre os jovens americanos que teve início em 1979. Um subconjunto de 4.463 mulheres foi sondado em 1992 sobre assuntos como a depressão, intenção de gravidez e resultado da mesma. (1)
Uma das conclusões do estudo foi que oito anos após o aborto induzido, as mulheres casadas tinham 138% mais probabilidades de estar em elevado risco de depressão clínica do que as mulheres que levaram a sua gravidez não planeada/intencional até ao fim.
Outro estudo recentemente publicado revela o risco significativo de episódios psiquiátricos associados ao aborto induzido (2). A equipa de investigadores que efetuou este estudo comparou os tratamentos psiquiátricos entre mulheres que se tinham submetido um aborto induzido e mulheres que tinham levado a gravidez até ao fim. Esta informação foi obtida através do exame de registros médicos de cerca de 173.000 mulheres da Califórnia de estratos econômicos baixos. De modo a excluir diferenças induzidas pela saúde psicológica das mulheres antes destes episódios, não foram consideradas todas as mulheres que se tinham submetido a qualquer tratamento psiquiátrico no ano anterior ao resultado da gravidez. O estudo revelou que cerca de 63% das mulheres tinham maior probabilidade de receber tratamento psiquiátrico num período de 90 dias após um aborto do que numa gravidez levada até ao fim. Para além disso, taxas significativamente mais elevadas de tratamentos de saúde mental subseqüentes persistem ao longo dos quatro anos de dados examinados para as mulheres que se submeteram a um aborto. O aborto estava mais fortemente associado com tratamentos subseqüentes para depressão neurótica, desordem bipolar e desordens esquizofrênicas.
A mesma equipa de cientistas publicou outro estudo baseado em 56.741 pacientes que mostrou que as mulheres que se submeteram a um aborto têm 2,6 vezes mais probabilidades de serem hospitalizadas para tratamento psiquiátrico no período de 90 dias após o aborto ou nascimento (em relação a mulheres que dão à luz). Neste estudo o diagnóstico mais comum foi à psicose depressiva. (3)
Um estudo comparativo realizado entre aproximadamente 1.900 mulheres que na sua primeira gravidez se submeteram a um aborto induzido ou levaram a gravidez até ao fim, revelou que aquelas que decidiram terminar a gravidez com um aborto, tinham 65% mais de probabilidade de estar no risco elevado de depressão clínica. (4)
Na WWW: (CNSNews)
Aborto e ansiedade
Quando comparadas com mulheres que levam a sua gravidez não intencional até ao fim, as que abortam uma gravidez não intencional têm maior probabilidade de experimentar problemas subseqüentes de ansiedade. Esta constatação é o resultado de um estudo recente (1) publicado num jornal científico dedicado a desordens ligadas com a ansiedade, realizado entre 10,847 mulheres com idades entre os 15 e os 34 anos que experimentaram uma primeira gravidez não intencional e sem qualquer historia de ansiedade. Os investigadores que realizaram este estudo descobriram que as mulheres que decidiram abortar tinham 30% maior probabilidade de mencionar sintomas subseqüentes associados a um diagnostico de desordem generalizada de ansiedade.
Esta ligação não deve ser ignorada no tratamento de mulheres com problemas de ansiedade. O principal autor deste estudo refere que “o nosso estudo sugere que os profissionais de saúde que tratam de mulheres com problemas de ansiedade poderão achar útil inquirir acerca da história reprodutiva das suas clientes (…) As mulheres que lutam com questões por resolver relacionadas com um aborto no passado poderão beneficiar significativamente de aconselhamento que foque este problema.”
Aborto e tentativas de suicídio
Uma investigação levada a cabo na Finlândia identificou uma forte associação estatística entre o aborto e o suicídio. A taxa de suicídio num período de um ano após o aborto era três vezes superior a todas as mulheres de uma forma geral, sete vezes superior à taxa verificada entre mulheres que tinham levado a gravidez até ao fim, e quase duas vezes superior à taxa entre mulheres cuja gravidez tinha sido interrompida por causas naturais. As tentativas de suicídio pareceram ter particular incidência entre adolescentes sujeitas a um aborto. (1)
Outro estudo recente realizado por investigadores ingleses em mulheres entre os 15 e os 49 anos refere que “o aumento do risco de suicídio após um aborto induzido pode ser uma conseqüência de próprio procedimento (…) e os dados sugerem que uma deterioração na saúde mental pode ser um aspecto conseqüente do aborto induzido”. (2)
Em muitos casos, a tentativa de suicídio ou o ato consumado é intencionalmente ou subconscientemente planeado para coincidir com o aniversário da data do aborto ou da data em que supostamente o bebê deveria nascer (3). Também têm sido registradas tentativas de suicídio entre os parceiros masculinos após a realização do aborto das suas parceiras.
Aborto e disfunção sexual
Um estudo mostra que entre 30% a 50% das mulheres que abortam referem experiências de disfunção sexual, tanto de curta ou longa duração, com início imediato após o aborto (1). Estes problemas podem incluir: perda de prazer durante o ato sexual, aumento de dor, aversão ao sexo ou ao homem de uma forma geral ou desenvolvimento de um estilo de vida promíscuo.
Aborto e desordens alimentares
Pelo menos para algumas mulheres, o stress pós-aborto está associado a desordens alimentares como a bulimia e a anorexia nervosa. (1)
BULIMIA: desordem alimentar caracterizada pela ingestão de alimentos geralmente seguida pela auto-indução do vomito.
ANOREXIA: perda de apetite que resulta na incapacidade do paciente se alimentar; a anorexia nervosa é uma condição psicológica na qual se verifica uma recusa prolongada de alimentos.
Aborto, divórcios e problemas crônicos de relacionamento
Mulheres que se submeteram a um aborto demonstram maior propensão para relacionamentos mais curtos e para o divórcio (1). Este fato pode dever-se a baixa auto-estima, menor confiança nos homens, disfunções sexuais, abuso de drogas ou álcool, incidência elevada de depressões, ansiedade, e temperamento instável. Mulheres que se submeteram a mais de um aborto (cerca de 45% nos EUA- Facts in Brief: Induced Abortion. The Alan Guttmacher Institute, 1996.) têm maior probabilidade de se tornarem mães solteiras e de necessitar de assistência social.
Um estudo francês realizado em 1996 entre mulheres que se submeteram a mais de um aborto revelou que este grupo tinha sido caracterizado por parceiros instáveis e por um sentimento de ambivalência entre o desejo de engravidar e o não querer ter filhos (2). Os autores deste estudo concluíram que existe uma precariedade psico-social real entre a população estudada e que esta tinha bom conhecimento dos métodos contraceptivos.
O aborto induzido parece deteriorar de um modo geral o relacionamento homem/mulher. Relacionamentos conflituosos, causais ou sem compromisso são particularmente susceptíveis de quebrar após um aborto. Em casos que os casais não se separam são geralmente referidos problemas de comunicação, disfunções sexuais e isolamento. (3)