Fidelidade: coisa fora de moda?


A fidelidade está aliada à confiança, juntas exigem renúncias


Muitos equipamentos eletrônicos têm como característica de sua performance a fidelidade na reprodução dos sons e imagens. Esta característica, que é valorizado nesses equipamentos, parece estar correndo risco de vida nas relações entre as pessoas. Percebemos que políticos não são fieis às suas ideologias nem aos seus eleitores; assim como pessoas que vivem sob o vínculo de um relacionamento também atropelam a fidelidade quando a consideram uma virtude fora de moda ou buscam realizar desejos reprimidos por muito tempo.



Assumir com responsabilidade compromissos com uma pessoa ou instituição exige que manifestemos concordância com seus princípios por meio da sinceridade de nossos atos. Acredito que a fidelidade está aliada à confiança – as quais, juntas – exigem renúncias por parte daqueles que as valorizam. Sabemos que a ausência de uma dessas virtudes traz instabilidade e insegurança para a harmonia dos relacionamentos.



Para justificar os atos de infidelidade, muitas novelas e programas de televisão tratam o assunto como se fosse algo comum, e na maioria das vezes atribuem à ausência de afeto, carinho e atenção como sendo os pivôs deste ato falho.



A reação de certo conformismo para o ato de infidelidade parece ser facilmente tolerado quando se considera a hipótese de se experimentar breves momentos de felicidade que não inspiram vínculos. No entanto, precisamos estar atentos aos efeitos maléficos desse ato. Ao contrário do que possam exigir nossas carências e apelos de nossos mais primitivos instintos, temos de ter consciência dos reflexos negativos que podem ofuscar nossos valores e princípios.



Na vida a dois, facilmente as pequenas discussões ou desatenções ganham proporções exageradas de um dia para o outro. Ao final de uma semana, os casais podem mal se tocar ou conversar, e se tal situação se prolongar, em pouco tempo, poderão até considerar a possibilidade de encontrar alguém que possa suprir suas carências. Diante de momentos de fragilidade, ocasionados pelo sentimento de abandono e desatenção, não será difícil encontrar alguém que se disponha a ser a personificação da “boa intenção”.



Se os resquícios de uma traição contaminar a base que a sustenta, certamente a fidelidade e a confiança estabelecidas no compromisso de amor não serão mais as mesmas. Antes mesmo de dar asas à “serpente” vale a pena corrigir os acidentes de percurso dos relacionamentos, como a falta de atenção e de solidariedade, entre outros. Assim não experimentaremos o amargor do arrependimento de ter lançado “pérolas aos porcos”.


Deus ajude a cada um daqueles que se dispõe a acreditar na realização do impossível quando se amam.


Um abraço


José Eduardo Moura
webenglish@cancaonova.com
Missionário da Comunidade Canção Nova, trabalhando atualmente na na Fundação João Paulo II no Portal Canção Nova.


 

O mundo sempre tem razão?

O MUNDO TEM RAZÃO?

Muitos fecham-se para qualquer diálogo


Comecei a ler um livro muito interessante, de um novo teólogo brasileiro, cujo nome, por enquanto, não quero declinar (pois ainda não terminei de ler a nova produção teológica). Fiquei satisfeito em ver sua erudição, sua fé firme, sua reta intenção. Tenho certeza de que vai trazer benefícios para o crescimento da Igreja no Brasil. Ainda mais nesses novos tempos, que o Documento de Aparecida vai abrir, visando uma melhor adesão dos católicos à pessoa de Cristo. “O bom escriba é aquele que tira de seu tesouro coisas novas e velhas” (Mt 13, 52). Pretendo ler a fundo os seus arrazoados, com os quais, seguramente, o meu arcabouço teológico vai evoluir.



Mas quero partilhar um pequeno susto, quando o aludido autor, contrariando toda a tradição católica, chamou, enigmaticamente, os maiores desvios teológicos das grandes denominações cristãs, apenas de “heresias”. Isto é, emprestando aspas a essa palavra consagrada, insinua que são nuances de expressão apenas verbal, sem significado de conteúdo. Sabemos que muitas diferenças teológicas entre católicos e evangélicos são substanciais, e que tais dissonâncias estão bem distantes ainda de uma harmonia. Isso provocará durante muitos anos (séculos?) muitos sofrimentos para ambos os lados. Um sadio ecumenismo não pode fugir da verdade. Jesus mesmo avisou que “a verdade vos libertará” (Jo 8, 32).



No entanto, o que mais suscitou dúvidas em mim, foi o comentário subjacente e tranqüilo, sobre o diálogo, tão recomendado pelo Concílio Vaticano II, entre o mundo moderno e a Igreja. De fato, nós temos muito a aprender da modernidade sobre direitos humanos, sobre democracia, liberdade religiosa… Mas eu não vejo essa mesma abertura de mente, por parte dos próceres da civilização contemporânea, a respeito de verdades irrenunciáveis da Igreja. Tenho visto muita gente comentando tais assuntos com extrema agressividade. Ou, o que é pior, fechando-se para qualquer diálogo, ou para a mais mínima troca de idéias (como está acontecendo na Europa).


Nós temos propostas sobre família, vida, sexualidade, sentido da existência, divindade e escatologia, para as quais a modernidade não possui boas luzes. Pois bem, o pressuposto (não explícito) do meu autor, está dizendo que o mundo sempre tem razão. O que nos resta como Igreja, é correr atrás do nosso atraso, e nos ajustarmos a toda a mentalidade moderna. Sob pena de sermos varridos da história. Neste sentido o evangelho não teria nada a ensinar. Com isso não concorda São Paulo: “Não vos conformeis com este mundo” (Rom 12, 2).



*Dom Aloísio R. Oppermann
domtroqueopp@terra.com.br


 


 


 

Os amigos que nos fazem enxergar

Os amigos que nos fazem enxergar


O amigo verdadeiro não nos esconde a verdade

Uma menina muito esperta olhava, sentada aos pés de sua mãe, a costura que ela estava a bordar. Vendo de baixo a menina estava confusa, pois via um emaranhado de linhas de várias cores, mas sem sentido, não dava para entender nada. Incomodada, perguntou: -Que estás a fazer, mamãe, com tanta atenção este monte de linhas? Eu não estou entendendo nada.


A mãe lhe respondeu: -Estou bordando uma linda peça para enfeitar o seu quarto.


Imediatamente retrucou a menina: -Eu não quero esse desenho feio! A mãe, com toda calma, disse: -Levante-se do chão e sente-se aqui do meu lado, para que você possa ver de cima, pois dessa forma se enxerga diferente. Então ela viu um lindo arco-íris com todas as cores e bem feitinho.


Do lado de cima se vê as coisas de forma diferente. Quantas vezes, estamos exatamente como esta menina, olhando as coisas a partir do ângulo de baixo, no emaranhado, no burburinho, na agitação. E assim, julgamos as coisas e as pessoas de acordo com o que vemos, ou por meio daquilo que nos falaram. De forma que não temos a visão verdadeira da realidade, e por isso, muitas vezes desanimamos e abandonamos um sonho, um projeto, ou desistimos de algo ou de alguém. Tudo isso, porque não decidimos ver as coisas do alto, de cima e não de baixo para cima. Precisamos nos distanciar para ver melhor, ver os detalhes, entender o contexto.



Nós precisamos de “lentes especiais” para que consigamos enxergar o real e não ficar com as aparências e os “pré-conceitos”. Porque o essencial é invisível aos olhos! É preciso alargar a visão, pois nem tudo que reluz é ouro como diz o ditado, assim como nem tudo o que brilha demais é precioso. Percebo o quanto a minha visão limitada me atrapalhou, pois o que eu via era uma parte e não o todo. Por que Deus nos surpreende? Porque Ele nos enxerga no todo e não pela metade; por isso, nos ama.



Hoje eu me decido a ver as coisas do lado de cima e não do de baixo, não vou me contentar com minha visão e meus conceitos limitados. O amigo verdadeiro sempre nos enxerga na medida certa, não nos esconde a verdade e muito menos fica mascarando as coisas. Eu posso dizer que meus amigos são minha “segunda visão”, e muitas vezes, vêem melhor do que eu. Quanto mais diferente é o amigo, melhor, pois é na alteridade que eu, muitas vezes, me descubro, afinal “as diferenças não são barreiras, são riquezas!” como costumamos afirmar.


Alarga, Senhor, a minha visão, cura a minha miopia espiritual, da-me as lentes da Verdade e da Caridade. Mas, como mesmo de óculos eu não enxergo direito, da-me muitos e verdadeiros amigos: “Amigo fiel é uma poderosa proteção:quem o encontrou, encontrou um tesouro” (Cf Eclesiástico 6, 14-17). Se você anda enxergando pouco, onde estão os seus amigos? Enxergar sozinho é pobre, é tão bom saber que podemos dividir ou somar nossa visão com nossos amigos, eles “são nosso segundo coração”. É muito bom saber que não estamos sozinhos. Por isso, procure alargar a sua visão, não tenha medo dos outros. E aos meus amigos, obrigado por me fazerem enxergar melhor.



Minha bênção amiga


Pe. Luizinho
Comunidade Canção Nova


 

Amizade

 
Amizade nos sacraliza
Uma amizade parte do princípio da comunhão de duas pessoas


Sempre acreditei no valor de uma amizade. Amizade é algo tão sagrado ao coração de Deus, que Jesus teve seus amigos, e fez questão de manifestar a importância deles em sua vida – mais do que com palavras –, mas com atos. Foi por Lázaro, seu amigo, que Ele chorou e demonstrou o mais íntimo de sua humanidade: Ele o amava (João 11,5).


Jesus nos deixa o exemplo e nos mostra o quanto um amigo é importante em nossas vidas. Era na casa de Lázaro, em Bethânia, que Ele descansava e ia para se refazer e se refugiar.


Uma amizade parte do princípio da comunhão de duas pessoas. Comunhão que não depende da mesma forma de pensar, de semelhanças, mas que depende de uma comunhão de coração acima de tudo. Um amigo mais que alguém parecido com você, é alguém que tem a capacidade de enxergá-lo como você é. De perceber no seu “lindo sorriso” a tristeza de sua alma. De perceber que – mesmo com medo – você é capaz de ir adiante, de ir além. De lhe mostrar os caminhos e acompanhá-lo quando estes se tornarem mais difíceis, estando sempre pronto para levantá-lo quando você cair.



Diante de uma amizade verdadeira corremos um grande risco: o risco de crescer. Uma amizade verdadeira nos faz deparar com nossas limitações, mas acima de tudo nos encoraja a ir além delas.


No olhar, você pode perceber uma amizade. Por isso, não precisa ser proclamada, percebe-se. Esse perceber passa além do proclamar, do ver junto e do estar junto. Percebe-se no jeito de falar, no olhar preocupado, na ansiedade da chegada e na dor da partida.


A distância e o tempo não são empecilhos. Se os amigos permanecem longe um do outro parece que é uma eternidade, mas quando se encontram parece que foi ontem a última risada. É o coração que determina, é ele que faz o tempo parar ou correr diante de um amigo.


Mais que saber ser amigo na dor, um amigo sabe sê-lo na alegria. Ele se alegra com as vitórias e realizações do outro. Ele chora junto, sofre junto, espera junto, ama junto.


Deus me concedeu a graça de ter poucos, mas grandes amigos. Pessoas que são capazes de entrar no que há de mais sagrado em mim e tirar o melhor. De me levantar quando caio e de sempre me mostrar o horizonte. Quando sofro, sofro com eles e por eles. Quando me alegro é a alegria deles que me emociona. É com eles que experimento o amor e o cuidado de Deus.



Um amigo é algo sagrado ao coração de Deus. A amizade nos sacraliza. Obrigado, amigo, por fazer parte do que há de sagrado em mim.


Renan Felix
webeventos@cancaonova.com

A importância da disciplina na adolescência


A importância da disciplina na adolescência

A importância da disciplina na adolescência



A disciplina é mais um elemento na formação da vida das pessoas.

Falar de disciplina na fase da adolescência pareceria algo impossível, visto que justamente nesta crise da vivência da passagem da infância à vida adulta, o jovem enfrenta um grande número de dificuldades, mudanças e adaptações que o desajustam, não ficando fora o respeito às normas e às leis estabelecidas.


O adolescente vive um permanente desajustamento que o impulsiona a se encontrar consigo mesmo e a se reconhecer como a pessoa que é e que quer chegar a ser no futuro. A isso chamamos “procura da identidade”, que é a tarefa mais importante a ser realizada nestes anos tempestuosos.


Os adultos acreditam que os jovens são rebeldes à disciplina e ao reconhecimento de limites, mas resulta ser o contrário, porque embora as manifestações externas juvenis possam ser vistas como uma resistência às normas, em seu interior, eles precisam e pedem limites, uma vez que isso lhes oferece segurança.


Saber até onde chegar, quando e como são realidades que os confundem muito e embora reajam e sintam isso como uma imposição, a disciplina serve para conduzir seus próprios comportamentos e reações. Dessa forma, percebem que todas as ações têm conseqüências inevitáveis.



A sociedade atual apresenta dois grandes problemas, entre muitos outros: um deles é que se tornou permissiva demais e, o outro, é que os adultos padecem de uma espécie de pânico para enfrentar seus filhos ou alunos e exigir-lhes o cumprimento das disposições normativas familiares ou escolares.



Essa tarefa, então, resulta um pouco conflituosa porque não se está bem definido como lidar com ela, além disso, sempre está sendo muito questionada. Os pais não sabem quando permitir, que horários sugerir para o trabalho, para a diversão, as obrigações de casa, etc., e não existe um manual que indique o que deve ser feito em cada caso e circunstância concreta.



Portanto, é preciso reconhecer que –, para termos interações com os outros (família, companheiros, professores, pessoas, entre outros) –, devemos respeitar, primeiro, a própria pessoa e, depois, as regras que estão estabelecidas de maneira precisa em alguns âmbitos, além de outras que estão implícitas. Esta atitude nos dá a oportunidade de interagir com as outras pessoas, em um clima de respeito e dignidade, que tanta falta faz em nossa sociedade.



As normas nos oferecem um parâmetro para sabermos o que pode ou não ser feito, em cada contexto, tempo e lugar. Por isso, se deixarmos claro o que esperamos do comportamento de um jovem, ele irá aprendendo que esta disciplina não é uma simples imposição, mas uma ferramenta útil para a convivência social de qualquer tipo.



Se este período está caracterizado por desajustes físicos, cognitivos, emocionais e sociais, nada melhor do que oferecer um parâmetro de contenção para que essa insegurança se traduza em algumas linhas que ajudem o jovem a aperfeiçoar seu comportamento e autocontrole.



A disciplina é formativa, deve ser considerada como uma educação positiva e não necessariamente impositiva, mas conscientizada, reflexionada, uma vez que pretende procurar e encontrar o equilíbrio entre a desorientação existente e o possível controle dos impulsos, sempre respeitando sua independência e liberdade, na medida em que cada indivíduo consiga chegar a esta meta como um processo dirigido à auto-realização.



Ajudar os adolescentes a viver esta etapa como uma aventura maravilhosa, cheia de oportunidades de mudança, faz com que se tornem jovens autênticos, seguros de si, capazes de estabelecer sua identidade de pessoas únicas e valiosas.



A disciplina é mais um elemento na formação da vida das pessoas, mas é nessa fase que se redimensiona o comportamento, pela necessidade de sentir segurança e contenção, através de um sistema de normas claramente estabelecidas que garantam ao jovem uma convivência respeitosa e humana com as outras pessoas.



Artigo extraído da Associação de Leigos pela Maturidade Afetiva e Sexual, A.C. (ALMAS, A.C.)


www.almas.com.mx



María Fernández García (pedagoga)