Discurso de Dom Geraldo Lyrio Rocha na posse da presidência

 


Com temor e tremor assumo a nobre e difícil missão de Presidente da CNBB. Só aceitei essa responsabilidade tão grande que agora recai sobre meus frágeis ombros porque, acima de tudo, confio na graça do Senhor. Interpreto minha eleição para esse serviço à CNBB como expressão da vontade de Deus que se manifestou na escolha feita pelos irmãos no episcopado. Com Maria, sob cuja proteção coloco este ministério, quero dizer “sim” ao chamado de Deus para a missão que me é confiada.


A responsabilidade é enorme. Os desafios são cada vez maiores. A missão é exigente. A Igreja no Brasil espera muito de seus Pastores. O País conta a continuidade da atuação da CNBB, coerente com sua tradição e sua história. Com os irmãos que foram eleitos para compor a Presidência e o CONSEP, juntamente com todos os membros da CNBB, com a graça de Deus, buscaremos corresponder à nossa missão na certeza de que “o Senhor jamais há de nos recusar a sua misericórdia e sempre nos haverá de proteger com sua graça e fidelidade” (cf. Sl 39,12).


Em meu nome, e em nome dos que foram eleitos para funções na CNBB ao longo deste quadriênio, afirmo o compromisso de nos empenharmos para que nossa Conferência Episcopal cumpra fielmente sua missão, conforme estabelece seu próprio Estatuto: “Respeitada a competência e a responsabilidade inalienáveis de cada membro, em relação à Igreja universal e à sua Igreja particular, cabe à CNBB, como expressão peculiar do afeto colegial: fomentar uma sólida comunhão entre os Bispos que a compõem; ser espaço de encontro e de diálogo para os Bispos do nosso País; concretizar e aprofundar o afeto colegial, facilitando o relacionamento de seus membros e contribuindo para a unidade eclesial; estudar assuntos de interesse comum, estimulando a ação concorde e a solidariedade entre os Pastores e entre suas Igrejas; facilitar a convergência da ação evangelizadora oferecendo diretrizes e subsídios às Igrejas locais; exercer o magistério doutrinal e a atividade legislativa, segundo as normas do direito; representar o Episcopado brasileiro junto a outras instâncias, inclusive a civil; promover a permanente formação e atualização dos seus membros e favorecer a comunhão e participação das diversas parcelas do povo de Deus, na vida e nas atividades da Igreja, discernindo e valorizando seus carismas e ministérios” (cf. Estatuto da CNBB, art. 2).


Com afeto e veneração, expressamos nossa obediência e fidelidade ao Sucessor de Pedro, e nosso propósito sincero de sempre caminhar em estreita comunhão com a Sé Apostólica e o Colégio universal dos Bispos.


Em nome da CNBB, agradecemos à Presidência que ora encerra seu mandato: Sr. Cardeal D. Geraldo Majella Agnelo, D. Antônio Celso Queirós e D. Odilo Pedro Scherer, bem como aos membros do CONSEP e a todos os que serviram à CNBB e à Igreja no Brasil durante o quadriênio que se conclui. Invocando as bênçãos de Deus, iniciamos este novo quadriênio sob o olhar materno de Nossa Senhora Aparecida.


Brasília, 09 de maio de 2007


Geraldo Lyrio Rocha
Arcebispo eleito de Mariana


 

Que o Ministério da Saúde esteja a serviço da vida e não da morte

Aborto. Esse foi um dos assuntos tratados na coletiva de imprensa, na tarde desta terça-feira (8), durante a 45ª Assembléia Geral da CNBB, que reúne bispos de todo o Brasil na cidade de Indaiatuba, interior paulista, desde o dia 1º de maio.


A Igreja e todo homem e mulher de boa vontade estão na defesa da vida, porque a vida é sagrada.


O primeiro ponto básico fundamental é que nós estamos realmente comprometidos com a vida, e a vida começa desde o primeiro instante da concepção. Então a criança é indefesa, é um ser que deve ser protegido, defendido na sua vida.


Nós não somos “contra isso e contra aquilo”, nós somos a favor da vida.


Em segundo lugar, nós temos uma preocupação enorme pela saúde da mulher, – não somente no aspecto da sua saúde física –, mas na sua saúde psicológica e mental.


Em terceiro lugar, se o recado é direto, eu gostaria realmente que o Ministério da Saúde estivesse a serviço da vida e não da morte.


Quando a gente vê, neste Brasil amado, a situação nocauteada em que está saúde pública, o acesso que as populações indefesas não têm à saúde, então, aí há um vasto campo de trabalho sobre o qual o ilustre Ministro da Saúde realmente seja Ministro da Saúde e não da morte. Isso é fundamental para nós.


Quando se trata da defesa da vida, nós precisamos ser proféticos, e cada vez mais conscientizar a população de que é preciso um saneamento global no aspecto econômico, no aspecto ético, no aspecto dos costumes.


Lança-se a juventude e a adolescência no sexo pelo sexo, numa irresponsabilidade muita vezes, e depois se quer falar a respeito do aborto como um capítulo quase que à parte.


Num contexto geral, o aborto direto, para nós, realmente, não tem cabimento porque é um atentado à vida. Que se cuide, e se cuide muito mais da saúde da mulher, mas que isso não seja feito à custa de um sacrifício de um ser indefeso que ela traz em seu seio.


 

Milhares de pessoas foram às ruas de São Paulo saudar Bento XVI

 


 


Cerca de 20 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, estiveram presentes na tarde de ontem (9) na região próxima ao Mosteiro São Bento, centro de São Paulo, para ver o Papa Bento XVI e ouvir as primeiras palavras do Santo Padre.


Nem a baixa temperatura, que chegou aos 10ºC, e a chuva fina, conseguiram assustar aos fiéis que, debaixo de guarda-chuvas e agasalhos desmonstravam o amor à Igreja através de saudações feitas a Bento XVI.


O Papa chegou ao local por volta das 17h50 e foi saudado com gritos e um intenso badalar de sinos. Bandeiras de vários estados brasileiros e de diversos países da América Latina, como Chile, Argentina, Peru e México, foram agitadas no momento da chegada do Pontífice. Pessoas de diferentes partes do país estavam no local desde as primeiras horas da manhã desta quarta-feira para assistir a saudação papal. Algumas aproveitaram a presença da maior autoridade da Igreja para protestar contra o aborto.


Aproximadamente 850 policiais militares fizeram a segurança no local. Até meia hora antes do discurso, não foi registrado nenhum incidente na região.


Em suas primeiras palavras, ditas em português, o Santo Padre ressaltou que a Igreja Católica está em festa e lembrou os motivos que o trouxeram pela primeira vez ao Brasil, após sua eleicão: a canonização de Frei Galvão e abertura da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, marcada para domingo (13), em Aparecida (SP).


A missa de canonização de Frei Galvão acontece na sexta-feira (11), no Campo de Marte, também em São Paulo.


No final da tarde mais fria do ano em São Paulo, sua Santidade finalizou seu breve discurso com uma bênção e desejos de boa noite a todos.

Estádio Pacaembu se prepara para receber o Papa

 


.: Preparativos finais do palco no Pacaembu


Músicos avançaram madrugada adentro fazendo a passagem de som para o evento, que vai reunir pelo menos 180 mil jovens, que vão se encontrar com Bento XVI, no Estádio Pacaembu, em São Paulo. A partir das 11h desta quinta-feira (10), os portões já estarão abertos para receber esse público, vindo de todo o Brasil e da América Latina.



 


Cantores e bandas católicas como Dominus, Aliança de Misericórdia, Aeternum Dei e Anjos do Resgate, entre outros, farão shows preparando a chegada do Santo Padre, prevista para as 17h50. Na ocasião, Bento XVI vai dirigir um discurso especial aos jovens, pelos quais sempre demonstra carinho e deposita esperança. O evento faz parte da agenda intensa da visita do Pontífice ao Brasil, que se extende até o próximo dia 13, e inclui um encontro com o Presidente da República, entre outras autoridades religiosas e civis, além da abertura da Conferência de Aparecida do CELAM.


30 mil são esperados para participar do evento dentro do estádio, tendo estes recebido previamente um ingresso em suas dioceses. Mas, cerca de outras 150 mil pessoas deverão também acompanhar o mesmo evento simultaneamente do lado de fora, por meio de telões.


A prefeitura de São Paulo, por meio da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), vai monitorar o trânsito das imediações do local, distribuindo mapas através de postos de três postos de informações. Para evitar congestionamentos, o órgão municipal aconselha que o transporte coletivo seja utilizado preferencialmente.


 


Tatiana Gomes
Canção Nova Notícias, São Paulo

Mensagem do Papa Bento ao chegar ao Brasil



Excelentíssimo Senhor Presidente da República
Senhores Cardeais e Venerados Irmãos no Episcopado
Queridos Irmãos e Irmãs em Cristo!


É para mim motivo de particular satisfação iniciar a minha Visita Pastoral ao Brasil e apresentar a Vossa Excelência, na sua qualidade de Chefe e representante supremo da grande Nação brasileira, os meus agradecimentos pela amável acolhida que me foi dispensada. Um agradecimento que estendo, com muito prazer, aos membros do Governo que acompanham Vossa Excelência, às personalidades civis e militares aqui reunidas e às autoridades do Estado de São Paulo. Nas palavras de boas-vindas a mim dirigidas, sinto ecoar, Senhor Presidente, os sentimentos de carinho e amor de todo o Povo brasileiro para com o Sucessor do Apóstolo Pedro.


Saúdo fraternalmente no Senhor os meus queridos Irmãos no Episcopado que aqui vieram para me receber em nome da Igreja que está no Brasil. Saúdo igualmente os sacerdotes, os religiosos e as religiosas, os seminaristas e os leigos comprometidos com a obra de evangelização da Igreja e com o testemunho de uma vida autenticamente cristã. Enfim, dirijo a minha afetuosa saudação a todos os brasileiros sem distinção, homens e mulheres, famílias, anciãos, enfermos, jovens e crianças. A todos digo de coração: Muito obrigado pela vossa generosa hospitalidade!


O Brasil ocupa um lugar muito especial no coração do Papa não somente porque nasceu cristão e possui hoje o mais alto número de católicos, mas sobretudo porque é uma nação rica de potencialidades com uma presença eclesial que é motivo de alegria e esperança para toda a Igreja. A minha visita, Senhor Presidente, tem um objetivo que ultrapassa as fronteiras nacionais: venho para presidir, em Aparecida, a sessão de abertura da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e Caribenho. Por uma providencial manifestação da bondade do Criador, este País deverá servir de berço para as propostas eclesiais que, Deus queira, poderão dar um novo vigor e impulso missionário a este Continente.


Nesta área geográfica os católicos são a maioria: isto significa que eles devem contribuir de modo particular ao serviço do bem comum desta Nação. A solidariedade será, sem dúvida, palavra cheia de conteúdo quando as forças vivas da sociedade, cada qual dentro do seu próprio âmbito, se empenharem seriamente para construir um futuro de paz e de esperança para todos. A Igreja Católica – como coloquei em evidência na Encíclica Deus caritas est – “transformada pela força do Espírito é chamada para ser, no mundo, testemunha do amor do Pai, que quer fazer da humanidade uma única família, em seu Filho” (cf. 19). Daí o seu profundo compromisso com a missão evangelizadora, a serviço da causa da paz e da justiça. A decisão, portanto, de realizar uma Conferência essencialmente missionária, bem reflete a preocupação do episcopado, e não menos a minha, de procurar caminhos adequados para que, em Jesus Cristo, os “nossos povos tenham vida”, como reza o tema da Conferência. Com esses sentimentos, quero olhar para além das fronteiras deste País e saudar todos os povos da América Latina e do Caribe desejando, com as palavras do Apóstolo, “Que a paz esteja com todos vós que estais em Cristo” (1Pt 5,14).


Sou grato, Senhor Presidente, à Divina Providência que me concede a graça de visitar o Brasil, um País de grande tradição católica. Já tive a oportunidade de referir o motivo principal da minha viagem que tem um alcance latinoamericano e um caráter essencialmente religioso.
Estou muito feliz por poder passar alguns dias com os brasileiros. Sei que a alma deste Povo, bem como de toda a América Latina, conserva valores radicalmente cristãos que jamais serão cancelados. E estou certo que em Aparecida, durante a Conferência Geral do Episcopado, será reforçada tal identidade, ao promover o respeito pela vida, desde a sua concepção até o seu natural declínio, como exigência própria da natureza humana; fará também da promoção da pessoa humana o eixo da solidariedade, especialmente com os pobres e desamparados.
A Igreja quer apenas indicar os valores morais de cada situação e formar os cidadãos para que possam decidir consciente e livremente; neste sentido, não deixará de insistir no empenho que deverá ser dado para assegurar o fortalecimento da família – como célula mãe da sociedade; da juventude – cuja formação constitui um fator decisivo para o futuro de uma Nação – e, finalmente, mas não por último, defendendo e promovendo os valores subjacentes em todos os segmentos da sociedade, especialmente dos povos indígenas.


Com estes auspícios, ao renovar os meus agradecimentos pela calorosa acolhida que, como Sucessor de Pedro, sou objeto, invoco a proteção materna de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, evocada também como Nuestra Señora de Guadalupe, Padroeira das Américas, para que proteja e inspire os governantes na árdua tarefa de serem promotores do bem comum, reforçando os laços de fraternidade cristã para o bem de todos os seus cidadãos. Deus abençoe a América Latina! Deus abençoe o Brasil! Muito obrigado.