Pe Reginaldo Manzotti comenta o Código da Vinci
Não é justo semear “joio” em uma humanidade tão fragilizada de valores absolutos que podem sustentar a paz e a Fé na construção de um mundo melhor
Não é correto semear inescrupulosamente, com os fins econômicos, a dúvida onde as certezas ainda nem começaram a brotar.
Por que nós ocidentais somos tão covardes quando brincam com as nossas crenças?
O autor do livro Código da Vinci não destrói o que é secundário no cristianismo ele macula e destrói o que ultimo da fé de Cristo.
Acredito que muitos diriam que não vale a pena se pronunciar contra esta obra de Dan Brown chamado “O código da Vinci” pois isto lhe dá somente mais vendas e bilheteria ao filme baseado no livro que foi lançado no cinema. Até concordo em partes com esta teoria e respeito.
No entanto fico pensando e sinceramente me preocupo com aquelas pessoas que jamais leram a Bíblia e nem lembram do catecismo que fizeram e consequentemente vão tomar todas aquelas afirmações escritas e agora dramatizadas como verdades absolutas.
Preocupo-me com as pessoas simples que sem formação teológica suficiente, irão colocar duvidas na divindade de Jesus. Penso nos caros jovens que já desacreditado com o governo com a família, com os amigos e com amor agora também perderam a certeza e a esperança de um Jesus que nos amou até a morte de Cruz.
Claro que a igreja católica irá passar por mais esta difamação pois já passou por situações piores que esta. Claro que Jesus continuará o redentor. Mas que direito tem alguém de expor o erro, e ser aplaudido e condecorado e enriquecido como este Dan Brown?
Boicotar o filme? Creio que não! O momento é oportuno para revermos nossas crenças, nossa fé. E tempo de nos debruçar sobre nossas verdades e separarmos o joio do trigo. Penso que por mais que a igreja se pronuncie, explique, esclareça e evangelize a imagem de Jesus Cristo e de seus sucessores e da igreja permanecerá distorcida e minada em alguma ciência humana.
Não obstante, analise os vários erros contidos propositalmente e inescrupulosamente pelo autor Dan Brown:
Erros históricos
I – A obra se apresenta como uma ficção histórica, ou seja, uma obra de ficção que se apóia em fatos históricos. O que não é verdadeiro, ou pelo menos, não pode ser comprovado “cientificamente” da maneira como diz o autor. Apoiando-se em teorias conspiratórias e em citações a livros não tão amplamente reconhecidos como afirma, o autor traça um painel de revelações que esvaziaria o cristianismo.
O foco dos ataques é a Igreja Católica, que, apesar de ser a maior das religiões organizadas, é apenas uma das igrejas ditas cristãs e monoteístas (que crêem em um só Deus). E todas elas poderiam desaparecer com as revelações. Tudo porque entre os “fatos” revelados por Brown, Jesus não tinha nada de divino, foi casado com Maria Madalena e deu origem a uma linhagem real que teve de fugir dos assassinos da Igreja, cujo maior interesse teria sido centralizar e manipular poder político.
Tais acontecimentos, bem como as muitas ponderações filosóficas, geraram uma verdadeira revolução. Livros, revistas e sites já dissecaram os temas do Código a fundo, com bases históricas variadas e gerando grandes polêmicas.
Da organização conservadora Opus Dei, descrita por Brown como violenta e autoritária, à biografia controversa de Leonardo Da Vinci, realidade e ficção se misturam numa salada não muito clara e pretensamente reveladora. Diversos pontos da obra são questionados pela historiadora Amy Welborn em sua obra Decodificando Da Vinci (Ed. Cultrix), apenas uma das muitas que se colocam do lado oposto ao de Brown.
II – Aponta, por exemplo, que existiam 80 evangelhos, dos quais foram escolhidos quatro que conhecemos hoje (evangelhos de Lucas, Marcos, João e Mateus). Aí perguntaram para o autor numa entrevista de onde ele tinha tirado aquele número e ele respondeu que não sabia, poderia ser 100, 120, tanto fazia. Se ele realmente se baseasse em dados históricos, não poderia jogar com os números assim. Na verdade, eram cerca de 25, com desigual valor. O grande problema é que ele superficializa questões importantes.
III – Ele também afirma que o nome do quadro Mona Lisa seria um anagrama para as divindades egípcias Amon e Isis (escrito originalmente como L´isa), representando a sexualidade mista da personagem retratada. Porém, o autor parece ignorar que o nome Mona Lisa não foi dado por Leonardo, mas surgiu anos depois de sua morte, conforme lembrou a já citada autora Amy Welborn. Portanto, não é verdadeira a afirmação, no começo da obra, que “Todas as descrições de obras de arte, arquitetura, documentos e rituais secretos descritos neste romance correspondem rigorosamente à realidade”.
IV – Um dos pontos principais abordados durante o Código é que a Igreja Católica teria eliminado o culto à figura feminina para diminuir o papel sagrado da mulher como geradora de vida. No entanto, Dan Brown e seu alter ego Robert Langdon se esqueceram de um aspecto importante: de todas as religiões cristãs, é exatamente a Igreja Católica a que dedica o maior espaço ao sagrado feminino. Mas não no culto à Maria Madalena, como ele gostaria, mas sim à Virgem Maria, mãe de Jesus. Acontece que os católicos são duramente criticados e acusados por evangélicos e outras denominações cristãs exatamente por cultuar com intensidade a Virgem Maria. Da forma como aparece no livro, a anulação do sagrado feminino pela Igreja é mais um “dogma” de Brown, um fato que ele apresenta como realidade, mas que só a fé – no caso, a fé de que tudo que ele escreve é apoiado em fatos comprovados – pode fazer soar verossímil
V – Detalhista, o escritor também vê símbolos vaginais em toda parte, numa desenfreada e por vezes paranóica busca por sinais que validem suas teorias sobre o papel do sagrado feminino. Sobre isso, basta lembrar a opinião do criador da psicanálise Sigmund Freud. Certa vez, quando questionado sobre o simbolismo fálico do charuto que fumava, ele declarou que “Às vezes, um charuto é só um charuto”
VI – A publicação 100 resposta, volume 6, da coleção mundo estranho (Ed. Abril) aponta que, ao contrário do que Brown diz, Leonardo Da Vinci não criou o cilindro secreto denominado críptex (usado para ocultar mensagens secretas) e que a pirâmide de vidro do Louvre não tem 666 vidraças, entre outras “verdades” inventadas pelo autor ou por fontes em que confia.
VII – As conjecturas excêntricas de Brown – prossegue Roeser – misturam-se com factos e investigações falseadas: os Jogos Olímpicos da antiguidade celebravam-se em honra de Zeus, e não de Afrodite; os Templários, que supostamente são os guardiões do “segredo” da Madalena, não foram os construtores das catedrais do seu tempo, mas sim os bispos europeus; as catedrais góticas não têm qualquer simbolismo feminino: a crítica Sandra Miesel. Interroga-se com assombro: “Que parte da anatomia feminina representam o cruzeiro ou as gárgulas da nave lateral de Chartres??”
VIII – A novela situa Leonardo da Vinci como fazendo parte da sociedade secreta O Priorado de Sião que esconde as suas explicações em três dos seus quadros mais conhecidos: Gioconda, Virgem dos Rochedos e Última Ceia. A medievalista Sandra Miesel (New York Daily News, 4.IX.2003), entre outras coisas, ironiza sobre a substituição de São João por Maria Madalena: Esta curiosa faceta nunca tinha sido descoberta até agora
IX – “O ódio ao catolicismo impregna todo o livro” indica Roeser – mas as piores invectivas vão dirigidas ao Opus Dei, prelatura pessoal aprovada por João Paulo II. Um “monge” do Opus Dei (espantosamente Brown não compreende que essa organização não tem monges) é um assassino, que mata para impedir que o “segredo” da Madalena venha a público. Eu não sou do Opus Dei, mas conheço-o e admiro-o, entre outras coisas, pelas suas escolas de jovens sem recursos de Chicago, onde fui professor?.
X – O protagonista do livro menciona a ausência do cálice na pintura de Leonardo como prova de que da Vinci não sabia nada do que estava envolvido no Graal. Mas, como bem explica a historiadora Sandra Miesel, -o fresco foi inspirado na passagem do Evangelho de São João, que não diz nem uma palavra sobre a instituição da Sagrada Eucaristia. Por outro lado é ridículo apresentar um Papa que lança ao Tibre as cinzas dos Templários que ele exterminou exatamente na época em que o papado estava no Desterro de Avinhão.
Leia em poucas palavras as barbaridades afirmadas nesta obra Pseudo-histórica
LISTA DE ERROS
RENASCIMENTO
O Livro diz: “No renascimento, ciência era sinônimo de heresia”
Mentira: O renascimento foi onde floresceu as artes e a ciência
GODOFREDO DE BUILLON
O Livro diz: Godofredo de Buillon foi Rei da França
Mentira: Godofredo foi líder das primeiras cruzadas, jamais rei da França
IGREJA E CRUZADAS
O Livro diz: a Igreja organizou Cruzadas para destruir documentos se que afirmavam que Maria Madalena é o Santo Graal.
Mentira: As Cruzadas foram iniciadas com o objetivo de defender a Terra Santa
CATEDRAIS
O Livro diz: As Catedrais foram construídas pelos Templários.
Mentira: As Catedrais nunca foram construídas pelos Templários. Isto é um insulto ao estudo sério da arquitetura.
LÍNGUA PURA
O Livro diz: O inglês é uma língua pura porque não tem raízes latinas.
Mentira: Jamais o inglês foi visto como língua pura, sendo que não é tão preciso. Na idade Média quase ninguém usava o inglês.
NOME DA VINCI
O Livro diz: Da Vinci é sobrenome de Leonardo.
Mentira: Vinci, situado na margem direita do rio Arno, perto dos montes Albanos, entre Florença e Pisa
SANTA CEIA
O Livro diz: a Santa Ceia é um afresco.
Mentira: A Santa Ceia é uma pintura e não um afresco. Afresco é uma técnica de pintura feita em paredes ou tetos rebocados enquanto a argamassa ainda está úmida. As tintas ou pigmentos usados que devem ser misturados com água são moídos ou granulados, para facilitar a penetração na superfície.
TEMAS EXPLORADOS
O Livro diz:a união de Jesus e Maria Madalena é um dos temas mais explorados pelos historiadores modernos
Mentira: quais historiadores??? Não há um historiador sério que trate desse tema.
MANUSCRITOS DO MAR MORTO
O Livro diz: que os manuscritos do Mar Morto conta verdadeira historia do Graal, e que o Vaticano tentou evitar que fossem divulgados.
Mentira: os manuscritos do Mar Morto foram descobertos em 1947, não falam absolutamente nada de Graal, estão muito bem guardados pelo estado de Israel e pesquisadores do mundo todo e de todos os credos trabalham livremente com eles.
MONGE
O Livro diz: “monge” do Opus Dei
Mentira: Opus Dei não tem monges
CURADOR DO LOUVRE
O Livro diz: O Louvre tem um Curador (apresentado como Jacques Sauniere)
Mentira: O Louvre tem 60 Curadores.
A PIRÂMIDE DO LOUVRE
O Livro diz: A Pirâmide tem 666 losangos de vidro
Mentira: Ela é composta por 673 losangos de vidro
OS QUATRO EVANGELHOS
O Livro diz: a aceitação oficial dos 4 Evangelhos se deu com Constantino, em 325, no Concílio de Nicéia.
Mentira: O cânon de Muratori em 180 já afirmava os 4 Evangelhos.
PRIORADO DE SIÃO
No livro ele escreve assim: fatos – o priorado de Sião, sociedade secreta européia, fundada em 1099, existe de fato. Em 1995, a Biblioteca Nacional de Paris descobriu pergaminhos conhecidos como os dossiês secretos que identificavam inúmeros membros do piorado, inclusive Isacc Newton, Boticceli, Victor Hugo e Leonardo Da Vinci. Bem, isso não é um fato, é exatamente pura invenção. Foi descoberto por um jornalista francês, que fez toda pesquisa anterior, que esses manuscritos, que seriam os dossiês secretos, foram plantados por um indivíduo chamado Pierre Plantard, que é um falsário reconhecido e que, inclusive, fundou o tal do priorado de Sião em 1956. É um engano.
CATEDRAIS GÓTICAS, TEMPLÁRIOS E ÚTERO
Todas as descrições de obras de arte, arquitetura, documentos e locais secretos neste romance merecem comentários. Aqui ele faz uma afirmação absolutamente falsa. Por exemplo, na arquitetura ele chuta que as catedrais góticas foram construídas pelos templários. Os templários não tinham igrejas próprias fora de alguns pequenos lugares. As grandes catedrais góticas foram construídas pelas dioceses. Você percorre França, Espanha… A descrição que ele faz está errada, como está também quando faz uma descrição da catedral gótica como se fosse uma reprodução do útero feminino. Não tem a mínima semelhança. Se pode pegar uma planta, normalmente a catedral gótica tem uma nave central com duas naves laterais e não tem nenhuma forma que possa, nem de longe, lembrar o útero feminino.
AS OBRAS DE DA VINCI
Quanto às obras de arte, por exemplo, o próprio Leonardo Da Vinci, quando começa a descrever a Última Ceia, comete uma série de erros graves. Fala primeiramente que seria a instituição da Eucaristia, não é. A cena está retratando o momento em que Jesus diz “um de vocês me vai entregar”. Por isso tem de um lado três apóstolos levantando a mão “será que sou eu??, como diz a descrição do Evangelho, e Pedro, que está se inclinando sobre João, falando ao ouvido. Também quando descreve a Madona dos Rochedos, comete um erro gravíssimo ao trocar os papéis de São João e Jesus … Os documentos do chamado priorado de Sião não são históricos, são uma falsificação já no século XX, então começar por dizer fatos é já um engano tremendo.
II problemas de fé
O autor afirma que
As idéias de fundo de O Código da Vinci são:
– Jesus não pensava ser Deus, nem seus discípulos o consideravam divino. A crença na divindade de Jesus foi imposta pelo imperador Constantino, no Concílio de Nicéia de 325.
– Jesus e Maria Madalena representavam a dualidade masculina-feminina (como Marte e Atena, Isis e Osíris); os primeiros seguidores de Jesus adoravam o sagrado feminino, mas logo foi eliminado, e a Igreja se fez misógina.
– A Igreja baseia-se sobre uma grande mentira: Cristo era um homem normal e comum. Para ocultar a verdade, a Igreja destruiu documentos, assassinou milhões de bruxas e hereges, manipulou as Escrituras…
A novela O Código da Vinci apresenta dois problemas:
– Trata-se de uma obra de ficção, na qual todos os personagens da Igreja são retratados de maneira odiosa;
– O autor afirma na apresentação do livro: Todas as descrições de obras de arte, arquitetura, documentos e ritos secretos nesta novela são verdadeiras. Na realidade, a obra contém numerosíssimos erros: de arte, de história, de religião e de cultura.
Pronunciamento oficiais da igreja
Três importantes cardeais da Santa Sé lamentaram a ignorância religiosa expressada no livro O Código Da Vinci, o Presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, Cardeal Paul Poupard, afirmou que o mencionado livro distorce seriamente a história da Igreja e se aproveita do desconhecimento de muitos católicos sobre a fé para confundir a realidade da ficção. A ausência de conhecimentos básicos torna difícil distinguir entre fábulas, fantasias e ataques à história e valores da Igreja, anotou.
Finalmente, o Cardeal Jose Saraiva Martins, Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, indicou que não cabe a menor dúvida de que tanto o livro como o filme mostram uma grande ignorância sobre a verdadeira história de Cristo e da Igreja.
presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Geraldo Majella Agnelo, aconselhou hoje os católicos a não assistirem ao filme O Código Da Vinci, baseado no livro homônimo do escritor Dan Brown
Conforme D. Geraldo, muitas vezes são produzidas obras apenas com o intuito de ganhar dinheiro (como ele acha ser o caso do filme e do livro),
Não temos o desejo de proibir ninguém de ver o filme, mas alertamos as pessoas a se informarem bem para não sair de lá dizendo: puxa agora virou tudo”.