Educar os filhos

A EDUCAÇÃO DOS FILHOS


“Corrige teu filho enquanto há esperança, mas não te enfureças até fazê-lo perecer.” Provérbios 19,18

“Ensina à criança o caminho que ela deve seguir; mesmo quando envelhecer, dele não se há de afastar.” Provérbios 22,6

1º) Amor e fidelidade dos pais – Quando os pais se amam, dão o primeiro passo – mas não o único – para educarem bem seus filhos. A educação pressupõe amor. O amor de quem gerou com a missão de educar. Os filhos têm percepção sobre isto, ou seja, eles percebem quando não há união dos pais, e isto repercute muito na comunicação entre pais e filhos. De onde vêm a segurança dos filhos? Do saber-se acolhido, amparado por pais seguros. A segurança vem do amor, não da estabilidade financeira. Há casais que são estáveis financeiramente, mas instáveis no amor. Ser instável no amor é ser fiel ou infiel, conforme a circunstância. O verdadeiro amor é sempre fiel: saudáveis ou doentes, ricos ou pobres, na paz ou na turbulência, diante das qualidades e defeitos dos seus é sempre fiel.
Não me refiro somente à fidelidade de quem não cai no adultério, vou mais além: quem deixa de manifestar seu amor com atitudes, por causa das dificuldades, já está sendo infiel. Nossa família precisa aprender a viver o amor incondicional. O amor é provado nas dificuldades, e é fortalecido ao passar por elas. O seu amor passou por estas provas? Ou desistiu de amar por muito pouco?

Exemplos: Ter o mesmo carinho e cuidado com o esposo mesmo quando está desempregado, ter o mesmo carinho e cuidado com a esposa quando ela está doente, quando a relação sexual não pode acontecer, continuar amando quando o filho apresenta uma doença ou deficiência grave, quando é preciso acolher a sogra em casa por alguns meses… Manter o amor vivo nestes casos, é ter o terreno preparado para bem educar os filhos.

O filho inseguro em relação ao amor entre os pais, é inseguro em relação ao amor dos pais por ele.

2º) Fidelidade a Deus – Em quem os pais buscam força e confiança? Esta força é vulnerável, balança ao sabor das ondas? Se formos fiéis a Deus, seremos fiéis à nossa família, pois é isso que Deus nos ensina. A paternidade humana deve ter coerência e concordância com a paternidade de Deus, tão bem compreendida por São José. A maternidade humana deve inspirar-se na maternidade de Maria Santíssima. De onde vêm o nosso aprendizado sobre o ser pai e mãe? Naquilo que vivemos com nossos próprios pais, devemos selecionar o que é bom ou ruim, e aproveitar o que é bom. Não tiraremos exemplos bons de novelas, tenhamos cuidado onde nos influenciamos em nosso comportamento como pais e sejamos fiéis a Deus para sermos salvos, e para que toda a nossa família seja salva. “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua família”. (Atos 16,31)

Exemplos: Uma mãe que gostaria muito de ficar mais tempo em casa com os filhos, a renda financeira permite isto, mas o casal opta pela mãe se ausentar do lar durante 14 horas seguidas, por influência da mídia, dos pais… Está buscando referência onde? Um casal que rezava junto antes da chegada dos filhos, mas agora que tem dois filhos, já não vai mais à missa porque os filhos fazem bagunça, estão cansados… Está sendo fiel a quem? Como os filhos aprenderão a importância da fidelidade a Deus? No colo dos pais.

Para os casais que querem educar os filhos de maneira cristã, devem buscar em Cristo todo o alicerce, amar seu cônjuge e seus filhos “como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela”.

3º) Gastar tempo com os filhos – Se somos pais, devemos saber que o nosso coração é dividido entre Deus, cônjuge e no número de filhos. Entendamos que precisamos ter tempo para cada um deles. Os filhos farão a experiência de sentirem-se amados por nós na medida em que comemos com eles, brincamos com eles, acompanhamos e tiramos suas dúvidas na lição de casa, escutamos com interesse aquilo que aconteceu na escola… Sem deixarmos nossos gostos pessoais, sem deixarmos de dar atenção ao cônjuge, temos de viver a alegria e a realização (porque faz parte de nossa vocação) de nos entretermos com eles, de acordo com as necessidades próprias de cada idade.

Exemplos: Se um filho passa 12 horas na escola, e os pais reclamam na escola se o filho saiu da escola sem o banho tomado, sem jantar, e quando chegam em casa vão se entreter com a internet, com a televisão, será que estão tendo tempo de qualidade de convivência com seus filhos? Os filhos precisam marcar um horário para serem escutados por seus pais? Quando crescerem não dará mais tempo, nem os filhos precisarão do tempo que os pais podiam ter gastado com eles… As conseqüências já estarão se desenrolando… Boas ou não…

Não são os presentes que damos aos nossos filhos que marcarão a nossa passagem na vida deles, mas o tempo que gastamos com eles. Muitos sentiram mais a morte de suas babás do que de suas próprias mães.

4º) Conhecer os filhos. Aceitar as diferenças de cada um e incentivar seu crescimento – Cada filho é único. Único em seus gostos, em seu temperamento, na sua maturidade, em suas reações. Não podemos pensar que a maneira com que corrigimos um filho terá o mesmo efeito e reação com o outro filho… Isto é conhecer e lidar com cada um individualmente. Apesar do nosso amor por cada um deles ser o mesmo, um filho exigirá mais ou menos empenho que o outro, dependendo da idade e da fase, e não devemos ficar comparando-os a todo o momento… Não são os mesmos, nem devem ser. A família é composta pelas diferenças entre seus membros e estas diferenças formam a beleza única de cada família e seus desafios demonstram a maneira que Deus escolheu para santificar e levar à salvação cada um da família.

Exemplos: Estimular o filho mais lento, refrear o filho mais impulsivo, motivar aquele aparentemente mais apático… Não exigir do filho de 3 anos o mesmo que se exige do filho de 12… Porém, ter a mesmo carinho e disposição para empregar os esforços para que tanto um quanto o outro se comportem bem…. Dar o exemplo, e ao seu tempo, deixar que eles mesmos façam por si só suas obrigações, mesmo que imperfeitas… Cada um arrumar sua cama, ter seus pertences em ordem, colaborar nas tarefas domésticas, ajudar o irmão mais novo na lição de casa, preparar um suco para o papai que chegará cansado do trabalho…

Cada filho tem em si todo o amor particular de Deus por ele, foi criado pelo amor único de Deus, e devemos ajudá-lo a descobrir sua vocação e aptidões, para que seja feliz em sua vida sobre a terra, vivendo o sonho de Deus para ele.

5º) Amor e firmeza – Estas duas medidas devem ser iguais, pois onde tiver uma e faltar a outra, verificaremos o desequilíbrio na educação de nossos filhos. Precisamos amar e demonstrar amor, com beijos, abraços, elogios, com contato físico, atenção, contando histórias, brincando… Mas também precisamos ser firmes naquilo que é o correto. Se só demonstrarmos amor, e não formos firmes ou se só formos firmes e não demonstrarmos amor seremos como uma pessoa bem vestida para uma festa, porém, com os pés descalços, ou com sapatos suntuosos, e com farrapos sobre o corpo…

Exemplos: Beijarmos a todo o momento nosso filho, dizendo que o amamos, mas não ensiná-lo a não deixar os tênis jogados pelo meio da sala, e nós recolhermos o que devia ser recolhido por ele… Será que está certo? Exigirmos que o filho fizesse suas lições de casa, mas falarmos isso de costas, sem verificar se precisa de ajuda, ou sem dar um Bom Dia…

Tanto o carinho quanto a correção são mais dignos de crédito, quando são equilibrados, e onde não falta nenhum dos dois.

6º) Pai e mãe – unidos na autoridade – O pai e a mãe devem de comum acordo, conversar e combinar aquilo que acham importante na educação dos filhos. Em alguns pontos podem até discordar, mas esta discordância deve ser acertada antes de chegar aos filhos, cada um cedendo um pouco na sua vontade, para que falem a mesma língua. Um lar onde as direções são opostas, por parte dos pais, é desgastante, os pais falam muito e os filhos obedecem pouco, pois “escolhem” a quem devem obedecer, conforme a conveniência, além de gerar insegurança. Não podemos também tirar a autoridade do cônjuge na frente dos filhos, discordando da sua correção, e tomando partido do filho. Mesmo que não concordemos, devemos ser razoáveis e esperar o tempo oportuno e a sós com o cônjuge para explicitar isso.

Exemplos: O pai fica demasiadamente bravo e dá um castigo porque o filho derrubou catchup na camiseta da escola. A mãe rapidamente já diz: “Pare de brigar com ele!” É um incidente corriqueiro, mas não deve acontecer, deixe o pai dar a bronca, reforce, se possível, o que o pai disse, dizendo: “Você tem que tomar mais cuidado, filho!”, ao invés de tirar a autoridade do pai. Depois que o filho for para a escola, você pode conversar com seu marido: “Não acha que foi um pouco ríspido com ele?”
Se continuarem com esse comportamento (de falta de unidade) ao longo da educação do seu filho, pode se deparar com seu filho aos 18 anos saindo com más companhias, e você mãe, escondendo do pai, por medo da correção dele. È assim que podemos perder nossos filhos para o mundo!

O lar deve ser transparente, os filhos devem saber que a postura deles é una, e os pais não devem ter medo de corrigirem os filhos quando necessário. Buscarão forças em Deus, e sabem que podem contar com o apoio um do outro.

7º) Devemos amar o nosso lar, ele deve ser um lugar feliz – O nosso lar deve ser um lugar onde é gostoso estar, onde “não vemos a hora de chegar nele”. Como isto é possível?Todos, na família, devem cuidar do ambiente físico, proporcionar momentos aconchegantes, festivos, o lugar deve ser limpo, cada um deve ter o seu espaço onde possa guardar suas coisas preferidas, intercalar a rotina com momentos livres. Se a rotina for militar ou se for totalmente sem horários sempre, como podemos manter a segurança e alegria do lar?

Exemplos: Precisamos ter horários, horários para sair da cama, para almoçar, para entrar na escola, entrar no trabalho, mas precisamos ter os momentos de oração, de lazer. A disciplina de um ajuda na descontração do outro. Não podemos levar nosso filho na escola cada dia num horário, todos os dias atrasado, dormirmos às três da manhã para acordar às seis, e querer que o filho tenha rendimento na escola… Se não tivermos um pouco de disciplina e rotina, ficamos doentes, pois precisamos nos alimentar, dormir, ler, descansar, trabalhar… Se equilibrarmos a nossa rotina, e ajudar nossos filhos a fazer o mesmo, seremos mais felizes…

“Nosso lar é o lugar onde devemos nos sentir seguros, à vontade, onde somos motivados a crescer e a vencer os desafios, dentro e fora de casa. No nosso lar, Deus deve ser honrado e servido com a vida de cada um da família.”

Sandra Capobianco
Discípula Sagrada Família