Lições que salvam nossos jovens
Eles estavam condenados a viver à margem da sociedade
Eles estavam condenados a viver à margem da sociedade. Não tinham recursos, assistência médica de qualidade, boas escolas e nem as oportunidades que servem de argamassa para a construção do futuro. Essa era para ser a sina de milhões de crianças e jovens nascidos nas periferias das grandes cidades. Um destino que vem tomando rumos diferentes graças ao trabalho, ao empenho e à solidariedade de administradores e voluntários de espaços como o Jockey Instituição Promocional de São Vicente, conhecido como Jip.
A entidade oferece formação profissional para 150 jovens de 14 a 18 anos, prioritariamente moradores do bairro Jockey Clube, demais localidades do município de São Vicente e até outras cidades da Baixada Santista. Lá, durante um período de quatro meses, os aprendizes freqüentam aulas que lhes proporcionam, além de conhecimento, o direito ao exercício pleno da cidadania. No início de sua história, o JIP manteve atividades de creche e pré-escola. Hoje, porém, está voltada à promoção de diversos cursos de iniciação profissional. Aulas de informática, apresentação pessoal, postura, ética, administração de empresas, finanças, departamento pessoal, noções de escritório e redação compõem o currículo. Além disso, a entidade oferece assistência médica e dentária.
Como resultado dessa iniciativa, a instituição já propiciou a centenas de alunos não apenas a entrada no mercado de trabalho, mas a possibilidade de uma carreira de sucesso. Muitos desses aprendizes terminam a universidade e, formados, retornam ao Jip para trabalhar. Por entre os corredores e salas do lugar, já passaram milhares de vidas que, desde o começo dos anos 70, ganharam novo impulso e dignidade. Vidas como a de Dona Joana, que há 25 anos atua no local na função de servente. Ao mesmo tempo em que exerce suas atividades, Tia Joana, como é carinhosamente chamada por todos, pôde observar duas gerações de sua família usufruírem os benefícios da instituição. Primeiro, foram seus filhos e, agora, é a vez dos seus netos terem a chance de adquirir o conhecimento capaz de mudar sua vida para melhor.
A entidade encaminha os jovens às empresas, que os contratam como aprendizes. Atualmente, são 310 rapazes e moças atuando em órgãos públicos e privados, empresas de contabilidade, de exportação e importação, escritórios, consultórios, entre outros. O projeto é mantido por meio de taxa administrativa paga pelas empresas que contratam os jovens. O JIP recebe, ainda, a ajuda da Prefeitura, responsável por encaminhar professores à instituição e por contribuir para a alimentação dos aprendizes.
O começo dessa trajetória de sucesso aconteceu em 10 de junho de 1970 quando, sob orientação do Padre Júlio Lopes Lorena, um grupo de senhoras de Santos reuniu-se com intenção de trabalhar em prol da comunidade menos favorecida. A idéia era propiciar qualidade de vida à população e, ao mesmo tempo, evangelizar. Mais de 30 anos depois, vemos que a iniciativa prossegue valorizando os ideais cristãos de amor ao próximo e de solidariedade – verdadeiras Lições de Vida que deveríamos todos seguir ao pé da letra. Que esse seja mais um exemplo a nos mostrar a beleza desse caminho.
Paulo Alexandre Barbosa
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