Namoro virtual

Namoro virtual


Estaria o namoro perdendo seu verdadeiro significado?

Dentro da minha experiência profissional como psicólogo, um fato sempre me chamou a atenção, e hoje, estou tendo a oportunidade de comentar sobre ele: alguns jovens me procuravam para partilhar suas tristezas, angústias e frustrações por não estarem namorando por terem atitudes e posturas diferenciadas dos outros jovens. E qual seriam essas atitudes e posturas? São jovens cristãos que mantêm um determinado comportamento – diferente dos demais comportamentos sociais –, como, por exemplo, fidelidade e castidade no namoro.



Tal experiência tem trazido conseqüências para eles, por isso reclamam: “Como é difícil encontrar uma pessoa para namorar”.



Diante dessa situação, confesso que pensei várias vezes em criar um site, em que pudesse fazer com que estes jovens se encontrassem e, a partir daí, namorassem. Poderia dizer que esta minha intenção seria louvável, porque estaria ajudando muitos deles a dar um rumo em suas vidas. Mas até que ponto um incentivo ao namoro virtual seria saudável para a juventude?



Vamos refletir juntos:



Não podemos negar o desenvolvimento tecnológico que nossa cultura alcançou e como isso tem ajudado a humanidade. Um exemplo concreto é a Internet. Hoje, as informações chegam até nós em tempo real por causa dos avanços da tecnologia de ponta. Que maravilha! Por exemplo, se eu estiver com saudade de meu irmão, que mora lá nos Estados Unidos, envio-lhe um e-mail e no mesmo dia recebo notícias dele. Esplêndido! Aparentemente chegamos a um século sonhado por tantos homens de nossa história, no qual, um dia, a ciência estaria servindo a humanidade. Dessa forma, homens e mulheres poderiam estar mais livres para se doarem uns aos outros. A solidariedade poderia ser vivida pelos povos, graças à ciência.



Contudo, sem dúvida, eu posso lhes dizer que a nossa cultura atual, apesar dos avanços tecnológicos, vive dois fenômenos de massa que têm tirado do homem a possibilidade de vivenciar sua própria humanidade: a falta de sentido, experimentado por um sentimento de vazio existencial e a desumanização do sexo e da sexualidade humana.



Você poderia estar se perguntando qual a relação da falta de sentido e da desumanização do sexo com o namoro virtual. Tentarei responder essa questão levantando alguns questionamentos, para depois concluir meu pensamento.



Que sentido há em se relacionar virtualmente com uma pessoa, sendo que o verdadeiro encontro “é entendido como um relacionamento entre um ‘Eu’ e um ‘Tu’, um relacionamento que, por sua real natureza, pode ser estabelecido apenas a nível humano e pessoal?” Em outras palavras, que atrativo sexual, sentimento, cheiro ou vibração química poderia uma máquina passar para outra? Este suposto encontro estaria acontecendo entre máquinas ou entre seres humanos? A quem estaria enamorando? Quem seria digno do meu amor: a máquina ou a pessoa? Com este tipo de comportamento, não estaria o ser humano perdendo algo muito valioso e valoroso? Qual é o significado que estaríamos dando a este encontro, que chamamos de namoro? O namoro não estaria perdendo seu verdadeiro significado?



Caríssimo internauta, o namoro acontece a partir de um encontro entre seres humanos, que não “têm em mente” somente qualidades físicas ou psíquicas que ela ou ele “tem”, mas antes, o que ela ou ele “é” no seu “caráter de algo único e ‘irrepetível’”. Ora, enquanto pessoa única e “irrepetível” que somos, nenhum sósia e nenhuma máquina podem nos representar ou nos substituir, jamais, por mais semelhantes que sejamos.


João Carlos Medeiros
Comunidade de Aliança Canção Nova