O perdão
Perdoar passa pelo
coração e depois pela inteligência
O perdão começa sempre em nosso coração. Passa
depois pela nossa inteligência. É uma decisão! Depois de concebido no coração e
gestado no pensamento, ele [perdão] ganha vida por uma decisão irreversível e
explícita. Enquanto não perdoamos, perpetuamos a falsa ideia de que a vingança
e o ódio podem ser remédios para curar nossa dor, a vingança parece ser mais
justa do que o perdão. Mas é só na hora. A longo prazo suas consequências serão
terríveis e cruéis.
O perdão afeta o presente e o futuro, mas não pode mexer no passado. Não
adianta nada querer sonhar com o passado melhor ou diferente. O passado foi o
que foi. Não há o que fazer para mudá-lo. Podemos e devemos assimilá-lo e
aprender o que ele tem a nos ensinar. Mais do que isso é impossível.
A esperança por um passado melhor é uma ilusão do encardido [demônio]. Ele é o
grande especialista em passado. Jesus, ao contrário, nunca fez nenhuma pergunta sobre o
passado de nenhuma pessoa. Ele nunca fez uma regressão ao passado com ninguém. Nem mesmo
com aqueles que tinham sérios problemas afetivos e até sexuais. Parece estranho
que o Senhor não tenha realizado uma sessão de cura interior das etapas
cronológicas com Maria Madalena, Maria de Betânia, a Samaritana, Zaqueu, Pedro,
Tiago e João, Judas e tantos outros que, por suas atitudes, demonstraram
carregar sérios problemas oriundos da infância e mesmo na gestação.
Cristo não retomava o passado porque sabia que a única coisa que podemos fazer
em relação ao passado é enxergá-lo de um jeito novo e aprender com o que ele
tem a nos ensinar. Mas isso se faz vivendo intensamente o presente e projetando
o futuro. Jesus foi o grande mestre do perdão. Ele nos mostra que o perdão não
acontece de uma hora para outra e nem pode ser uma tentativa de abafar ou
simplesmente ignorar essa dor. O perdão é um processo profundo, repetido tantas
vezes quantas forem necessárias no nosso íntimo. A pressa é inimiga do perdão!
O perdão nos ensina a nos relacionar, de modo maduro, com o passado. Não é um
puro esquecimento dos fatos, nem sua condenação. Não é a colocação de panos
quentes e muito menos a tentativa de amenizar os acontecimentos. Perdoar é ser
realista o suficiente para começar a ver o passado com os olhos do presente,
voltados para o futuro.
Quem
não perdoa não consegue se libertar das garras, interiores e exteriores,
daquele que o machucou. Mesmo que seja
necessário se afastar, temporária ou definitivamente, dessa pessoa, só podemos
fazê-lo num clima de perdão.
Antes de colocar para fora do nosso coração
alguém que nos machucou é preciso perdoá-lo. Sem perdão, essa pessoa vai
permanecer ocupando um espaço precioso de nossa vida e continuará tendo um
poder terrível sobre nós.
de cura interior”.
Padre
Leo, SCJ