São Bento



O PATRIARCA DOS MONGES DO OCIDENTE


Segundo seus biógrafos, nasceu no ano 480 na região dos Sabinos, Itália antiga, em Núrcia, hoje província de Perusa.


Seu pai pertencia à tradicional família de Anício, que deu à pátria numerosos cônsules e imperadores. Por parte de mãe, era o caçula dos senhores de Nurcia.


Dispondo de recursos abundantes, enviaram-no, ainda menino, à Capital do Império para adquirir instrução. Durante os sete anos que lá permaneceu, obteve progresso notável nos estudos, tanto para pressentirem que, se continuasse, tornar-se-ia um dos mais destacados homens de seu tempo.


Adolescente ainda, mas dando prova de caráter muito bem formado, resolve deixar Roma para afastar-se daquela mocidade frívola da metrópole, cada vez mais induzida à libertinagem, ao vicio e à corrupção.


Percebe que o convívio o prejudica e entre as ciências humanas, nas quais se projetava, e a preservação dos costumes – cometam os historiadores – prefere permanecer fiel à pureza de vida cristã, recebida desde do berço.


Sua ama de leite, de nome Cirila, amava-o ternamente e não o abandona. Na vila de Enfide, para onde se dirigiram, ele faz o primeiro milagre, do qual o conhecimento chegou até nós. Essa senhora emprestou, da pobre gente do lugar, um utensílio de barro, provavelmente para cozinhar, e ao usá-lo quebrou-o. Bento reuniu os pedaços e restabeleceu-o, por sua prece, no mesmo estado que era antes.


A notícia espalhou-se velozmente e logo olhavam o rapaz como santo.
Isto constituiu motivo decisivo para ele retirar-se secretamente dos que haviam assistido ao prodígio e mesmo à sua ama.


Encaminhou-se só para um lugar deserto e distante chamado Subiaco, onde, segundo ouvira, viviam alguns monges em santa austeridade.
Foi-lhe proporcionado encontrar um desses eremitas, chamado Romano. Este monge admirou-se do fervor religioso do jovem e de sua disposição; ofereceu-o para ajudá-lo, assisti-lo, cooperar em seus projetos e fazer tudo o mais que lhe fosse possível.


Bento aceitou a oferta com entusiasmo e recebeu dele o hábito religioso. Depois foi conduzido a uma caverna extremamente escondida e quase inacessível, que a natureza modelou encravada no rochedo.


Lá permaneceu Bento durante três anos, meditação, penitencia, oração e contemplação – com o pobre alimento que lhe fornecia Romano e chegava à gruta numa cesta descida `a corda – longe dos homens, da civilização, despojado de tudo, na solidão e no silêncio.
A oposição intransigente da família transparece nas ocorrências. O ato de emprestar objeto tão simples, fala por si mesmo em dificuldades financeiras.


Sua ama não o deixa, permanece fiel ao seu lado para ajudá-lo e servi-lo, mas acontece o imprevisto: ao emprestar o utensílio de barro à pobre gente de Enfide, ela quebra-o.
Deste acontecimento a história trouxe-nos um maravilhoso exemplo de fé.
O jovem reuniu os pedaços do utensílio quebrado e, orando, restabeleceu-o como era antes.


Longe do tumulto de Roma, ele percebe viva a presença de Deus.
“Non in comotione Dominus”. O Senhor não está na agitação.
Se agirmos com sinceridade – a sinceridade agrada a Deus – depois do primeiro passo, os demais tornam-se mais fáceis.

Entre “o mundo” e “Deus”sua opção é clara, radical e definitiva. Seu sim é verdadeiro sim, ele quer servir ao Senhor!
Bento permaneceu na gruta, isolado, até quando foi do agrado de Deus descobrir ao mundo a santidade de seu servo e fazê-lo aparecer para salvação de muitas pessoas.


Conforme a tradição, o pároco da povoação de Monte Plecaro aprontou farta refeição para comemorar o dia da Páscoa. Nosso Senhor apareceu-lhe em sonho e disse: “Meu seguidor morre de fome numa caverna e tu preparas para ti tantas comidas!”

O sacerdote acordou nesse instante, levantou-se, tomou os alimentos que havia preparado e se pôs a caminho, em procura do santo desconhecido.
Caminhou longo tempo entre montanhas e rochedos, sem rumo, mas a mão de Deus guiava-o e ele chegou à gruta onde estava Bento.

Depois de orarem juntos, convidou-o a tomar os alimentos que Nosso Senhor lhe havia enviado, pois era dia da Ressurreição, quando a Igreja costuma romper o jejum. Bento acedeu. Tomaram a refeição, conversaram com alegria, novamente rezaram e, em seguida, separaram-se.


O sacerdote voltou à sua Igreja e o Santo ficou em sua gruta.
Algum tempo depois, os pastores da região encontraram-no e, logo após, os habitantes das vizinhanças passaram a procurá-lo para receber dele conselhos e orientações espiritual.


Mestre na prática das virtudes em grau superior, impressionava a todos que dele se acercavam.