FUI INDUZIDA…
Meu nome é Maria Cristina Esteves de Sá, tenho 50 anos, sou carioca, resido em São Paulo há 27 anos, sou empresária e a minha historia sobre o aborto começa quando eu tinha apenas 19 anos, nessa ocasião residia no Rio de Janeiro. Eu conheci um rapaz por quem me apaixonei desesperadamente e ele por mim. Eu era de uma família humilde e católica, e ele de uma família rica e judeu. A família dele não apoiava a nossa relação, tanto pelo aspecto econômico social quanto pelo aspecto religioso, assim sendo, arquitetaram mudar do Rio de Janeiro para uma outra cidade, a fim de nos manter afastados e dar fim a nossa relação. Ele o meu namorado, assustado e desesperado com a atitude dos seus pais, decide que o melhor para nós era o casamento. Apaixonados e ao mesmo tempo desesperados, e sem saber ao certo por onde devíamos iniciar essa nossa união, foi então no inicio de Fevereiro de 1975 que mantivemos uma relação sexual sem prevenção e o eminente aconteceu engravidei do meu namorado. Felizes com a nossa condição de grávidos, começamos a procurar um apartamento para alugarmos e vivermos felizes para sempre. A nossa felicidade era visível a olhos nus. Até que um dia quando estava com 2 meses de gravidez, fui surpreendida pela minha mãe que me chamou até seu quarto e disse as seguintes palavras: ‘ O seu namorado telefonou e disse que não quer mais saber de você’ . Eu estranhei e tentei falar com ele mais foi em vão, e foi a partir desse momento que passei a ficar frente a frente com o meu sofrimento. Ele havia sumido no ar, e sua família tratou de providenciar o meu aborto. Na ocasião eles me procuraram, disseram que sabiam da minha gravidez, e fragilizada com toda a situação e sem apoio familiar conduziram-me a uma clinica e realizaram o aborto. No dia seguinte, eu estava tal qual um zumbi, e assim fiquei por algum tempo. Aos 23 anos casei com um outro rapaz e fui residir com meu marido em Santos – São Paulo onde morei por 7 anos, ao completar 25 anos, no auge da minha juventude adoeci gravemente. A minha doença durou 5 anos, até onde sei apenas 5% das pessoas que contraem essa doença conseguem sair com vida, é uma doença que quase sempre resulta em suicídio. O que tive foi um distúrbio psíquico emocional proveniente do aborto que fiz. Foram 5 anos de sofrimento contínuos, não tinha nenhum controle das funções neurofisiológicas, dentre outras seguidas de angustia, depressão e alucinações que consome o ser humano resultando na maioria dos casos em morte. O psiquiatra que me assistia na época afirmava durante as sessões de terapia que o meu caso era difícil de tratar porque não tinha retaguarda familiar, ou seja, todos a minha volta ignoravam a minha enfermidade porque a mesma não se refletia em chagas em meu corpo, ou seja, a minha doença estava instalada no meu psíquico na alma, na minha historia de vida, que eram absolutamente invisíveis aos olhos dos homens. O que me sustentava um pouco de pé na época era de fato, as raras oportunidades de ver o meu sobrinho André filho de minha irmã Rose, pois ainda lembro que se eu não tivesse abortado o meu filho, a diferença de idade deles era de apenas 1 mês. O André faz aniversário dia 04.10, e se meu filho tivesse vivo no dia 03.11. Toda vez que via o André abraçava-o com profundo amor e fantasiava que ele era o meu filho. Aos 27 anos de idade peço de joelhos a meu marido, que na época não queria ter filhos, procurava sempre evitar, pois era avesso a crianças, pedia aos prantos, que permitisse que mantivéssemos relação sem preservativo, pois precisava ser mãe a qualquer custo, e mantinha esperança que se tivesse um filho ficaria boa da doença que já me atormentava por 2 anos consecutivos sem qualquer progresso. Ele concorda, e então logo engravido. Para minha surpresa o médico afirma através do ultra-som que a minha gravidez era gemelar, ou seja, que eu tinha 2 bebes em meu ventre, e o laudo que guardo até hoje diz o seguinte: GRAVIDEZ GEMELAR, AMBOS OS FETOS COM BATIMENTOS CARDÍACOS. Apesar da doença, este dia teve um grande significado para mim, suportaria a minha dor alimentando de esperança a minha alma que um dia alcançaria a cura, o psiquiatra que cuidava de mim afirmava que seria possível, era uma questão de tempo e paciência. Preparava o enxoval com orgulho para os gêmeos, escrevia cartas para minha mãe falando dos gêmeos, cartas essas guardadas ate hoje, outubro de 2005. Em fase a medicação forte que tomava na época para manter-me a um nível mínimo de socialização, um dos fetos não resiste, e para de se desenvolver em meu útero, ou seja, morre, e o meu organismo acaba absorvendo-o durante toda a gestação do outro gêmeo. Quando sou informada desse fato pelo ginecologista, o que era ruim em meu mundo psíquico acaba ficando pior ainda, ou seja, o meu quadro se agrava, e deixo de sentir que ainda estou grávida, porque fico totalmente alheia a minha condição de grávida, e passo a agir como um zumbi. Finalmente no dia 09 de junho de 1982 às 16:10 hrs nasce a minha filha a Agnes, no hospital Ana Costa em Santos, absolutamente perfeita e sadia, eu peço pelo outro bebe, mas o médico explica que não há outro, que havia apenas a Agnes. Passo a cuidar da Agnes como uma boa mãe, ainda que, terrivelmente doente, cheia de limitações. Passado o tempo da amamentação e vendo que a Agnes já tinha alguma defesa, penso e planejo o meu suicídio, porque já não suportava mais sofrer tanto, afinal eram quase 3 anos e meio de insanidade mental. Então, sem saber como e quando fico grávida do meu filho Eric que veio como uma benção para que não me matasse, meses após o seu nascimento fico sem os sintomas da doença, porém carrego até hoje a dor do aborto que fui induzida a fazer. Muitas coisas aconteceram em minha vida, desde então, passei a ser uma mulher forte, corajosa, com objetivos e de muita determinação. O meu desejo maior era ser rica, pois a vida havia me discriminado por ser pobre, e torno-me uma mulher rica a custas do meu trabalho, e hoje afirmo com convicção que muito melhor do que ter dinheiro é ter riqueza de caráter, muito melhor do que ter uma religião é ter fé. Coincidência ou não, a Minha filha Agnes a que era gêmea, quando completa 18 anos encontra o seu primeiro namorado Rafael, que nasceu também no dia 09.06.1982 às 16:30 horas, assim como ela, a diferença entre os dois é de apenas alguns poucos minutos. A Agnes engravida de Rafael aos 19 anos exatamente como eu no passado, em fevereiro de 2002, minha neta Gabriela nasce no dia 03.11.2002, ou seja, no mesmo dia em que meu filho abortado teria nascido, só que passados 27 anos. A diferença é que a Agnes é filha de uma mulher de posses e o Rafael de uma mulher humilde. Acredite você ou não por ordem Divina, ou por misericórdia Divina eu tenho hoje comigo através da Gabriela, minha neta, o meu filho abortado, e o Rafael marido de minha filha um dos meus gêmeos que perdi durante a gravidez gemelar por conta da minha insanidade mental, que para mim não é tão somente meu genro, mais meu filho. Mais a história não acaba aqui, aos 38 anos perco um bebe com 4 meses de gestação provocado por uma descarga elétrica, e Deus me disse: Já devolvi seus 2 filhos o do aborto provocado e do aborto espontâneo, caso queira de volta este último que perdeu aos 38 anos, ajude mulheres a não perderem os delas como você perdeu o seu no passado. Por isso faço palestras sobre VIDA SIM ABORTO NÃO em escolas, faculdades, empresas, em condomínios, na condição de voluntária em defesa da vida. Salvar uma vida é um verdadeiro êxtase, e me deixa em conexão direta com o Divino, quem mais deseja o fim do aborto.