Um compromisso para toda a vida



Um compromisso para toda a vida

A idéia do compromisso eterno pode nos provocar calafrios


A idéia do compromisso eterno pode nos provocar calafrios. Como poderíamos medir o infindável se nossa percepção de tempo está compreendida dentro de um calendário, montado e definido por homens, com 365 dias e formatados em 24 horas?



Ficamos surpresos em conhecer casais que, numa idade em que a vitalidade de suas vidas esteja apoiada por muletas, ainda celebram suas bodas. Acreditar que nossos relacionamentos durarão por toda uma vida pode até nos trazer um sentimento de impossibilidade ao seu cumprimento, quando deparamos com a vulnerabilidade de nossa natureza humana. Conscientes de nossa fragilidade, entendemos que jamais poderíamos por nós mesmos atingir este objetivo, ainda que fosse por um período pré-determinado por homens e regido por um contrato.



Muitas pessoas se casam na expectativa de nunca viverem crises conjugais ou acreditam que jamais terão problemas com filhos ou amigos. Atritos, e nem sempre leves, acontecerão na vida em família e em todas as outras esferas de nossos relacionamentos. E o desejo de “rescindir” o compromisso assumido não passará longe de nossas considerações quando emergirem as tensas dificuldades.



Defrontamos com algumas situações de convivência que exigem de nós empenho e coragem para continuarmos a viver o propósito assumido, especialmente quando parecem estar sem sabor ou impossíveis de serem sustentadas. Nessas ocasiões, poderíamos apenas tolerar o outro para manter uma aparência favorável, mas estaríamos longe de um vínculo verdadeiro, digno daqueles que realmente se esforçam para ser melhores.



Uma cozinheira, como se não estivesse contente com aquilo que comumente faz, não hesita em acrescentar um condimento especial, seguindo sua intuição em querer fazer melhor uma determinada receita. Em nossas vidas, de maneira semelhante, devemos estar sempre prontos a realizar algo diferente do que a maioria normalmente tenderia a fazer. Acreditar que poderá surgir um novo “sabor” na relação vivida, mesmo depois de atritos, seria o “condimento” especial – da eterna reconciliação – o qual deveríamos acrescentar na “receita” da boa convivência.



Alguns poetas, lançando mão da liberdade da escrita e na tentativa de escapar do compromisso exigido por um relacionamento dinâmico e vivo, enquadram o sentido do eterno à fragilidade dos sentimentos fugazes, como justificaria Vinicius de Moraes: “Que seja eterno enquanto dure…”



Entretanto, diante da convidativa proposta de nossa fragilidade, precisamos lembrar que somente poderia nos propor a condição de um compromisso eterno Aquele que por natureza o é; e que tem o domínio de todas as coisas, inclusive de nossa limitada e débil natureza. Portanto, conseguiremos levar a cabo a fidelidade de um compromisso por toda nossa vida, quando nos empenharmos em querer ser melhores e depositarmos a confiança em Deus que nos capacitará para assimilarmos e ultrapassarmos os golpes contrários que surgirão com relação a esse propósito.


 


Deus abençoe,



José Eduardo Moura
webenglish@cancaonova.com
Missionário da Comunidade Canção Nova, trabalhando atualmente na na Fundação João Paulo II no Portal Canção Nova.